São Paulo, segunda-feira, 6 de junho de 1994
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Estudo liga câncer à poluição do ar

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma tese de doutorado defendida há três semanas lança mais uma acusação contra os automóveis: a poluição que produzem é co-responsável pelo câncer do pulmão.
A conclusão, inédita, é de Paulo Hilário Nascimento Saldiva, professor associado da Faculdade de Medicina da USP.
Saldiva simulou com ratazanas e camundongos as consequências da poluição atmosférica.
No período de três meses a um ano, esses animais foram expostos em locais como o centro de São Paulo (de alta concentração de poluentes) e em Atibaia (SP, região não-poluída).
Os animais expostos no centro de São Paulo apresentaram taxa muito maior de tumores malignos do que os de Atibaia.
No entanto, o estudo não é categórico em afirmar que o mesmo ocorre com as pessoas que circulam por São Paulo, onde os carros são a principal fonte de poluição.
Há outros fatores que interferem nos seres humanos, como a exposição alternada a locais poluídos e não-poluídos, o cigarro e a desnutrição. Comprovar o que causou câncer em determinada pessoa ainda é um desafio para os cientistas.
A fumaça expelida por veículos a diesel (ônibus e caminhões), tida como a menos prejudicial, pode ser a principal indutora de câncer via poluição, segundo Saldiva.
Ele afirma que 90% da composição de uma partícula inalável é carvão, praticamente inofensivo.
Mas os outros 10% transportam componentes da queima incompleta dos combustíveis, perigosos à saúde.
Ao contrário dos gases poluentes, as partículas demoram até meses para serem expelidas pelo pulmão. Os gases são expelidos em frações de segundos.
Com isso, os poluentes que estão na fuligem (ou poeira, ou fumaça) ficam mais tempo no organismo. Há ainda a possibilidade de o pulmão lançar ácidos para destruir as partículas e assim provocar ferimentos no próprio tecido.

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