São Paulo, segunda-feira, 6 de junho de 1994
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Seleção repete erros e fica no empate com o Canadá

FERNANDO RODRIGUES; MÁRIO MAGALHÃES
DOS ENVIADOS ESPECIAIS

A seleção brasileira empatou ontem com o Canadá, por 1 a 1, em amistoso disputado em Edmonton (Canadá), e revelou que seus velhos problemas continuam vivos.
O mais grave continua no meio-campo e especificamente com Raí. O meia do Paris Saint-Germain, apesar do bom rendimento nos treinos, mostrou no amistoso que continua errando o posicionamento.
Com Dunga e Mauro Silva nas habituais funções defensivas, o técnico Carlos Alberto Parreira voltou a testar Raí e Zinho como principais articuladores do meio-campo, fazendo a ponte entre defesa e ataque.
Raí, porém, apesar de procurar espaços livres no campo, não conseguia fugir da marcação. Pior: quando tocava na bola, gastava o tempo com passes laterais, obrigando Bebeto e Romário a voltar, para receber lançamentos.
Com a ineficiência do meio-campo, os jogadores de defesa, especialmente Ricardo Gomes e o goleiro Taffarel, decidiram, como nas eliminatórias do ano passado, armar o ataque, com lançamentos altos.
A diferença de estaturas, porém, era determinante contra o Brasil. Com zagueiros altos, o Canadá conseguia rebater sem problemas todas as bolas de cabeça.
Adepto da escola inglesa de futebol, que privilegia os lançamentos altos, o time canadense não sentia problemas também em conseguir armar seu ataque.
Com os laterais brasileiros recuados, o Canadá fazia seus lançamentos pelas faixas laterais.
O Brasil só conseguiu organizar sua estrutura tática depois dos 15 minutos iniciais. Com Dunga protegendo a área, os laterais Jorginho e Leonardo conseguiram ter liberdade para buscar a linha de fundo.
A constante movimentação nas laterais obrigou o meio-campo canadense a se dissolver, distribuindo os volantes justamente para as beiradas do gramado.
Com mais liberdade, Raí e, principalmente, Zinho conseguiram articular as jogadas de ataque e liberar Romário e Bebeto.
O atacante do Barcelona, porém, revelou sua determinação em querer ser o grande astro da Copa do Mundo. Percebendo a falta de habilidade dos zagueiros canadenses, Romário abusou dos dribles.
Em quatro lances, preferiu a jogada individual a lançar Bebeto e Zinho, mais bem posicionados. Mas seu talento o redimiu.
O gol marcado no final do 1º tempo (em que driblou dois zagueiros) e dois lançamentos precisos a Bebeto provam que domar o gênio de Romário é uma tarefa mais fácil para Parreira que acertar o meio-campo. (FR e MM)

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