São Paulo, segunda-feira, 6 de junho de 1994 |
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Hopper gosta de papel de mau
FERNANDO CANZIAN
Folha - O sr. tem uma carreira de anos como diretor e ator em dezenas de filmes considerados "cult movies". O que o sr. achou de participar de um filme de muita ação? Dennis Hopper - Eu adorei esse filme. É uma corrida selvagem, uma montanha-russa. Se esse filme não estourar as bilheterias, eu não sei, não vou entender. Eu o achei maravilhoso. Folha - Quando o sr. leu o roteiro, achou que teria esse resultado? Hopper - Eu fui o último a entrar no filme. Eu e Keanu (Reeves) vamos à mesma academia em Los Angeles, e antes de ser convidado eu olhava aquele rapaz treinando e pensava: "O que está acontecendo, ele parecia uma moça em `O Pequeno Buda' e está virando um buldogue agora". Dias depois fui convidado, mas inicialmente não gostei do meu personagem. Ele não tem um passado e ninguém entende por que ele quer se vingar. Mas percebi que esta é a maneira antiga de pensar. Em filmes de ação, o que interessa é a ação. Folha - O sr. tem uma fascinação por personagens maus? Hopper - Eles são os melhores, desde Shakespeare. Hamlet era um louco, Macbeth um assassino. Os maus são maravilhosos. Folha - O sr. foi convidado para o personagem de Harvey Keitel em "Cães de Aluguel". O que o levou a recusar o papel? Hopper - Eu estava fazendo outra coisa na época, mas depois me arrependi amargamente. Fiquei com inveja. Harvey está maravilhoso. Folha- O sr. acha que a violência no cinema tem limites? Hopper - Não sei. A violência atual não tem remorsos. Ninguém aguentava mais o romantismo de Hollywood. O herói se sentia mal depois de matar o vilão. Hoje em dia ele quer matar e depois estourar seus miolos.(FC) Texto Anterior: Ator não pegava ônibus há anos Próximo Texto: Livro discute modernismo e patrimônio Índice |
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