São Paulo, quarta-feira, 8 de junho de 1994
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Dono de asilo é preso por maus-tratos

DA REPORTAGEM LOCAL

O proprietário da Casa de Estar para Idosos Santa Bárbara, Dogival Alves da Silva, 36, foi preso em flagrante ontem por maus-tratos e omissão de socorro.
A prisão ocorreu durante blitz do Ministério Público e da Vigilância Sanitária, na rua Pacheco de Miranda, 115, no Jardim Paulista (zona oeste).
A casa, que abriga 23 idosos, funciona há cinco anos sem alvará da prefeitura. Na cozinha, foram encontradas caixas de frutas e verduras estragadas. Um dos banheiros estava com a tubulação de esgoto quebrada e foi lacrado.
O médico Élvio José Teixeira Pinotti, 37, que acompanhou a vistoria, disse que a maioria dos 23 internos está subnutrida ou desidradata.
Miralda Alves, 75, e Eduarda Rodrigues, 85, foram levadas ao Hospital São Paulo com ferimentos na cabeça. Elas teriam caído da escada respectivamente há dois e cinco dias e não teriam recebido nenhuma medicação.
Silva negou que uma das mulheres estava machucada havia cinco dias. "Elas caíram ontem e só foram nos contar hoje (terça-feira)", disse.
Os internos reclamaram das refeições. O aposentado Antônio Pereira de Araújo, 67, que está internado há um ano e meio na casa, diz nunca ter comido um bife. Ele afirma que Silva se negou a entregar seu 13º salário, pago em dezembro.
A vigilância autuou o estabelecimento por falta de higiene. A casa tem quinze dias para regularizar sua situação ou terá de pagar multas de até CR$ 1,3 milhão.
Silva, que estava até as 19h de ontem no 15º DP (Itaim), disse que os alimentos dos caixotes seriam jogados fora. "É o dia do lixeiro", disse. Sua fiança foi estipulada em CR$ 300 mil.
Segundo ele, o estabelecimento será transferido na sexta-feira para um sítio na estrada do M'Boi Mirim e por isso a casa estaria em condições precárias.
Segundo o promotor do Ministério Público João Estevam da Silva, se a mudança realmente acontecer, as autuações perdem o efeito. "Mas nós vamos fiscalizar a nova sede para ver se está tudo regular", afirmou.
Essa foi a terceira blitz realizada pelo Ministério Público em casas de repouso para idosos em menos de um mês.

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