São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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O jegue

CLÓVIS ROSSI

SÃO PAULO - Até que enfim a campanha eleitoral entrou no debate das questões nacionais realmente relevantes, graças ao candidato tucano-pefelista, Fernando Henrique Cardoso.
Foi ele quem colocou na agenda a momentosa questão de se o jegue do Nordeste é ou não um cavalo reduzido a jegue pelo preconceito dos sulistas. Agora sim, há questões fundamentais a discutir.
Aliás, trata-se de um ponto que precisa ser esclarecido com a maior urgência. Consultei alguns economistas ontem e eles foram unânimes em apontar eventuais prejuízos para o real, se a dúvida persistir. O raciocínio me pareceu bastante lógico: incertezas não contribuem para o êxito de planos de estabilização. Sem saber se o jegue é jegue ou cavalo com preconceito, os agentes econômicos não se sentirão confortáveis para delinear suas estratégias.
Preocupado com essa sombra sobre s estabilização, consultei minhas fontes no Instituto de Zootecnologia de Ponta de Animais Quadrúpedes de Médio Porte, da Universidade Estadual de Pedregulho (SP). Eles me garantiram que não há razão para preconceitos nem com os jegues nem com os cavalos, porque nem uns nem outros têm uma pata na cozinha.
Bem feito para o Fernando Henrique. Quem mandou ele hesitar em contratar o Egberto Baptista para marketeiro-mor? Se já estivesse contratado, Egberto levaria o jegue (ou cavalo, vai se saber) ao horário gratuito eleitoral e faria o animal contar que nem é uma coisa nem a outra.
É apenas filho ilegítimo do Lula, fruto de um namoro fortuito durante sua viagem de retirante de Guaranhuns (PE) para São Paulo. O cavalo (ou jegue) diria ainda que foi abandonado pelo pai até ser resgatado pelo jinete tucano, devolvido à dignidade e transformado em questão nacional.
Consultei também a direção de Redação da Folha, que se prontificou a dedicar o próximo caderno “Brasil 95” a esse tema relevante, que não estava na pauta, o que só demonstra a inconsistência do jornalismo brasileiro.

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