São Paulo, quinta-feira, 9 de junho de 1994
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Novo disco é renascimento espiritual

JONATHAN GOLD
DA "SPIN"

O novo álbum do Motley Crue, "Motley Crue", lançado nos EUA pelo selo Elektra, e no Brasil pela Warner, é uma espécie de renascimento espiritual.
O vocalista e líder Vince Neil foi embora, levando sua voz de animal machucado e sua arrogância rude. Em seu lugar está John Corabi, superversátil.
As letras não são mais tão irônicas como antes. As músicas são mais longas, mais elaboradas, algumas vezes lembrando o Rush. E o bateristas Tommy Lee trocou sua simplicidade idiota por umas pitadas de música de verdade.
Mas o que falta a Motley Crue é um pouco de atitude "sacana" de adolescentes, o que é compensado pelos acordes puros, acordes de rock e acordes heavy, que bandas como o Helmet ou Cows deveriam tentar copiar. E o álbum, bem, é todo rock'n'roll. É bem melhor do que certas bandas que usam golfinhos em seus videoclips.
É bem fácil desprezar Motley Crue, agora que brigas se proliferam dentro da banda e que Vince Neil foi embora.
Mas quando o Crue apareceu, no começo dos anos 80, era a coisa mais legal a chacoalhar o rock pesado de Los Angeles.
Naquela época, as bandas de metal da Califórnia eram todas mal-humoradas, ligadas à era neo-Led Zeppellin e desmoralizadas pela ascenção do new wave.
Motley Crue foi influenciado pelos caras certos –o triunvirato formado pelo Kiss, Stooges e Dolls, que metade das bandas que você gosta também prefere.
E o Motley Crue, na época, não teve medo de subir ao palco parecendo palhaços com purpurina.
Mas os garotos de 13 anos que deveriam estar ouvindo Motley Crue estão pondo brincos no nariz e copiando Eddie Vedder, líder do Pearl Jam.

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