São Paulo, sexta-feira, 10 de junho de 1994
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Empresa do esquema Collor ajuda FHC

REGINA ALVAREZ; LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Via Engenharia e Comércio Ltda., que doou a mobília para o comitê da campanha de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) à Presidência, também financiou a candidatura de Fernando Collor em 89.
Além disso a empresa é acusada de envolvimento num esquema corrupção na extinta Secretaria de Administração Pública.
A Via Engenharia responde a dois processos na Justiça Federal, movidos pelo Ministério Público, que a acusa de receber por obras inacabadas e exige reparação de danos causados à União.
Segundo apurou a Folha, em 89, a empreiteira cedeu também os móveis do comitê central de campanha de Collor, em Brasília.
Antes, em 84, um dos atuais sócios da Via Engenharia, Fernando Queiroz, então proprietário da empresa Santa Bárbara, ofereceu uma mansão para o candidato Tancredo Neves montar o seu comitê central no Lago Sul de Brasília.
Tancredo disputava a indicação para Presidência da República no Colégio Eleitoral. A oferta de Queiroz foi recusada.
A Via Engenharia venceu concorrência para pelo menos duas obras no governo Collor (1990-1992). A maior delas foi a implantação de uma fábrica de Ciacs em Varginha (MG), com capacidade para 100 unidades.
A outra construção foi a de um hospital para 320 leitos, orçado em US$ 20 milhões, em Betim (MG).
Os processos na Justiça contra a Via Engenharia citam também o engenheiro Márcio Lucio de Sousa Bastos, que fiscalizava as obras contratadas pela antiga Sucad (Superintendência de Construção e Administração Imobiliária).
O dinheiro para a construtora foi liberado pela Sucad em 88, na gestão de Aluízio Alves (governo Sarney), hoje ministro da Integração Regional. Os processo deram entrada na Justiça em julho de 92.
O engenheiro é acusado de facilitar o pagamento de obras inacabadas à Via Engenharia e outras empresas, com falsos atestados de conclusão dessas construções.
Segundo o procurador da República Oswaldo José Barbosa, que encaminhou os processos contra a empresa à Justiça, ela teria recebido cerca de US$ 250 mil pela realização de obras inacabadas no prédio da Procuradoria Geral da República, Ministério da Marinha e Secretaria de Administração.
O deputado Augusto Carvalho (PPS-DF) apurou no Sistema de Administração Financeira que a Via recebeu só em maio CR$ 7 bilhões do Ministério da Educação pela construção de Caics.
A doação da empresa para o PSDB está irregular. Segundo a lei eleitoral, qualquer tipo de valor dado a uma campanha deve ser trocado por bônus eleitorais.
Segundo os tucanos, a situação deve ser regularizada assim que o partido receber sua cota de bônus da Casa da Moeda.

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