São Paulo, sexta-feira, 10 de junho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Chuva de 12 horas mata 2 e pára o Rio

MARCELO MIGLIACCIO*
DA SUCURSAL DO RIO

Chuva de12 horas mata 2 e pára o Rio
MARCELO MIGLIACCIO
Doze horas de chuva ininterrupta no Rio provocaram duas mortes, dezenas de desabrigados e impediram que 80% do comércio funcionasse pela manhã.
As principais ruas e vias de acesso à cidade ficaram engarrafadas. Na avenida Brasil –que recebe o fluxo de carros da zona norte, da Baixada Fluminense e de Minas, São Paulo e cidades do interior do Estado– o congestionamento atingiu 17 quilômetros.
O maior índice de chuva foi registrado no bairro do Jardim Botânico (zona sul): 145,4 milímetros em apenas 12 horas. A média do bairro nos meses de junho é de cerca de 90 milímetros.
Caiu sobre o bairro –que tem 2,8 km2– um volume de água suficiente para encher 110 piscinas olímpicas (50 m por 25 m, com três metros de profundidade).
No bairro do Maracanã, choveu 138,6 mm. No aeroporto Santos Dumont (de onde parte a ponte aérea para São Paulo), o índice pluviométrico foi de 103,6 mm.
Segundo a meteorologista de plantão Marlene Carvalho, desde fevereiro de 1988 não chovia tanto no Rio. Naquele ano, o índice pluviométrico foi de 126,8 mm em Bangu (zona oeste) - seis vezes maior do que o normal.
A chuva, provocada por uma frente fria acompanhada de massa de ar polar, começou por volta das 20h30 de quarta-feira e se estendeu por toda a noite e madrugada. Todos os bairros foram atingidos.
A meteorologia previu mais chuvas e frio para hoje e amanhã em todo o Estado. Durante a madrugada de ontem, a temperatura chegou a 14,4 C. Ontem à tarde, voltou a chover.
Na favela da Pedra Lisa (Santo Cristo, centro), Regina Teixeira Espírito Santo, 60, morreu soterrada por volta das 4h30, quando uma pedra rolou sobre seu barraco.
No morro do Preventório, em Niterói (15 quilômetros do Rio), Gláucia da Silva, 3, morreu em consequência de um deslizamento. Três pessoas ficaram feridas e 15O estão desabrigadas na favela.
Em Ramos (zona norte), a colisão de um ônibus lotado com uma carreta matou outras três pessoas e deixou quatro feridos.
Segundo testemunhas, o motorista do ônibus passou próximo demais à carreta e passageiros que estavam pendurados na porta foram prensados.
Os hospitais Souza Aguiar (centro) e do Andaraí (zona norte) tiveram problemas de alagamento e infiltrações. No Andaraí, o setor de emergência foi interditado.
A avenida Niemeyer, que liga o Leblon a São Conrado (zona sul), foi fechada à tarde quando uma pedra rolou sobre a pista.
A Prefeitura informou que a Niemeyer ficaria interditada até que a chuva parasse. Só moradores da área teriam acesso pela avenida.
O aeroporto Santos Dumont ficou fechado entre 6h e 7h15.

Colaborou FERNANDA DA ESCÓSSIA

Texto Anterior: ASSASSINATO; ASSALTO
Próximo Texto: Sobrevivente estava no banheiro
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.