São Paulo, domingo, 12 de junho de 1994
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Bancos serão seletivos no crédito

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O bancos estão se preparando para o crescimento da demanda por crédito que deve acompanhar o nascimento da nova moeda, o real.
"Hoje as carteiras são 10% ou 20% do que deveriam ser em uma economia funcionando normalmente", avalia Sérgio de Freitas, vice-presidente do Itaú, que completa: "Aumento da demanda haverá. Já aumento de crédito vai depender das medidas do Banco Central."
O governo estuda a possibilidade de limitar a expansão do crédito, temendo que o crescimento possa gerar inflação na nova moeda.
"Estamos preocupados com esta limitação", diz Orestes Hypólito, diretor de Marketing e Produtos de Varejo do Unibanco. "O floating vai embora. Os bancos terão que ganhar dinheiro do outro lado."
Na prática, atender a esta demanda por crédito é a possibilidade de o setor continuar lucrativo. Os bancos vão ganhar dinheiro na diferença entre o juro pago ao aplicador e o recebido no crediário, como é em qualquer lugar do mundo de inflação civilizada.
A palavra de ordem do setor, portanto, tem sido a de "azeitar as máquinas de crédito". O que não quer dizer que o acesso ao crédito será irrestrito.
"O crédito será seletivo. É lição do Plano Cruzado, que registrou expansão do crédito e, depois, perda brutal por crédito mal concedido", diz Freitas.
"Estamos montando sistemas para poder conhecer bem a base de clientes. Vamos ser agressivos, mas sem assumir riscos exagerados", completa Hypólito.
O Unibanco está deslocando e contratando pessoal –"uma antecipação da ordem de 30 pessoas"– para montar o controle de qualidade do crédito. A idéia é montar um sistema que "dê flexibilidade de negociação nas agências, seja rápido e de boas taxas."
Ele está testando uma nova linha de crédito. Ela é pré-aprovada e o cliente a aciona pelo telefone 30 horas. "O melhor lugar para oferecer crédito ao cliente é quando ele está comprando alguma coisa. Vai bastar ligar."
Para Freitas, só existem duas formas de baixar o juro: diminuir o grau de incerteza e rever a tributação. "A taxa de juros embutir tantos tributos é uma peculiaridade brasileira."
Só de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) a taxação é de 3% para empresas e de 6% para pessoas físicas. Mas tem ainda o Imposto de Renda, o IPMF, o PIS. (JCO)

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