São Paulo, domingo, 12 de junho de 1994
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Brasil ganha acesso a máquinas supervelozes

HELIO GUROVITZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é um pássaro nem um avião, mas pode muito bem simular o vôo de pássaros e aviões. É o supercomputador ou, para puristas, computador de alto desempenho, que aterrissa no Brasil.
Dois centros de computação de alto desempenho entraram em atividade este ano no país, como parte da política do governo para o setor. Um terceiro centro recebeu um supercomputador e vários outros planejam comprar os seus.
Essas máquinas são capazes de fazer milhões de contas em um segundo. O preço de cada uma delas também gira em torno dos milhões –de dólares.
Para fazer uma previsão do tempo confiável com 24 horas de antecedência em uma área do tamanho do Vale do Paraíba (SP/RJ), por exemplo, especialistas precisam realizar cerca de 100 bilhões de operações aritméticas.
Com um computador que só faz 1 milhão de contas por segundo, a resposta leva mais de 24 horas para sair. Resultado: a previsão não fica pronta com antecedência suficiente para que agricultores, por exemplo, se previnam de um temporal. Com um supercomputador, não.
O computador de alto desempenho também pode ser usado na extração de petróleo. Ele auxilia a determinar a localização exata onde o chão deve ser furado.
"Errar poucos metros em uma perfuração pode sair mais caro que o próprio supercomputador", diz Jairo Panetta, consultor da Petrobrás para computação de alto desempenho.
Segundo ele, supercomputadores (como o da Petrobrás no Rio de Janeiro) são essenciais para deduzir o ponto exato de perfuração a partir de características do terreno.
Mas as aplicações da supercomputação não param aí: químicos podem enxergar moléculas de drogas, físicos podem analisar choques de partículas e engenheiros podem simular seus projetos.
"Aviões podem mudar de forma quando houver capacidade computacional para simular o vôo de um avião inteiro", diz Panetta, também pesquisador no Centro Técnico Aeroespacial (CTA).
Esse é um dos problemas ainda intratáveis mesmo para os supercomputadores existentes.
Outros problemas dessa complexidade são a análise do clima em escala mundial e uma possível previsão de terremotos.
Segundo Panetta, uma das prioridades tecnológicas do Congresso dos EUA é resolver esses problemas (programa "Grand Challenges", ou grandes desafios).
Para chegar à solução é preciso multiplicar pelo menos por dez a velocidade máxima dos melhores supercomputadores atuais.
"Em supercomputação conseguir dez vezes mais velocidade é a diferença entre conseguir resolver um problema em um dia e em dez dias", diz Panetta.
Os atuais campeões mundiais de velocidade, que podem fazer até 100 bilhões de contas em um segundo, estão em geral nos EUA, no Japão ou na Europa.
Seus nomes: o Intel-Paragon, da empresa Intel, o }Connection Machine CM5, da Thinking Machines, o Cray T3D, da Cray, e o IBM SP2, da IBM.

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