São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 1994
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Equipe evita atritos para chegar até o real

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

A equipe econômica vai fazer o possível para evitar novos atritos com o presidente Itamar Franco. O objetivo é chegar até 1º de julho, data da estréia do real. Aí, tendo na mão o trunfo da inflação baixa, a equipe acha que as relações com o presidente se acalmarão.
Integrantes da equipe reconhecem que Itamar precisa de algum resultado positivo para mostrar –uma bandeira para seu governo. A vitória sobre a inflação poderia ser essa bandeira.
Como confiam que a inflação vai despencar com o real, membros da equipe econômica se vêem numa corrida contra o tempo. Precisam de pouco mais de duas semanas para colocar o real em circulação e colher o resultado.
Por isso, a estratégia da equipe é baixar o tom, evitar comentários, que sempre podem levar a atritos com o presidente e seus assessores, e torcer para que o Palácio do Planalto não invente novidades que prejudiquem o curso do plano.
Para a equipe, as condições econômicas são favoráveis ao plano. O déficit público está sob "razoável controle", como diz um dos mais importantes integrantes da equipe, a economia está contida, não há o menor sinal de excesso de demanda.
Além disso, a inflação em cruzeiros reais mantem-se estável, na faixa dos 45% ao mês. E isso apesar dos problemas de acomodação de preços na conversão para URV e apesar de todos os salários estarem sendo corrigidos mensalmente por toda a inflação passada.
E se a inflação em cruzeiros reais permanece estável, isso significa que a inflação em URV (e depois, em real), é nula ou muito baixa.
Em resumo, a equipe demonstra nestes dias enorme confiança em relação aos prognósticos do plano. Mas teme pelas condições políticas que podem piorar com intervenções do presidente Itamar, como ocorreu nestes dias na questão das mensalidades escolares, aluguéis e taxa de juros.
Dallari
O assessor especial para preços do Ministério da Fazenda, José Milton Dallari, disse ontem em São Paulo que considera superados os recentes episódios que o colocaram em rota de atrito com o presidente Itamar Franco e com o líder do governo na Câmara, deputado Luiz Carlos Santos (PMDB-SP).
As declarações de Santos haviam sido realizadas com base no noticiário de parte da imprensa publicado no último sábado, que atribuiu à Dallari a defesa dos aumentos praticados por supermercados.
Ontem, Dallari voltou a negar que houvesse feito qualquer defesa de setores que aumentaram preços.
Ele informou que irá hoje ao Ministério da Fazenda em São Paulo, onde manterá conversas com representantes das centrais de abastecimento para estabelecer critérios de conversão para a URV dos produtos hortícolas.

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