São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 1994 |
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É tempo de futebol e de luta contra a miséria
HERBERT DE SOUZA Em tempo de Copa o negócio é jogar. Não há como escapar. O jogo entra por todos os lados, se enrola na bandeira nacional, vira emoção. Tudo vira bola.E é nesse tempo onde todos se mobilizam por uma causa absolutamente gratuita –apesar de altamente comercializada– que fica evidente a capacidade e a energia criativa de todo um povo. No futebol, o torcedor fica com a emoção e o resto fica com o dinheiro, que rola mais que a bola. A Ação da Cidadania é também um fenômeno desse tipo pela sua generosidade, pelo entusiasmo que desperta e pela adesão massiva que provocou no país nesse último ano. Só que aqui o dinheiro não rola. Na visita que fizemos à seleção brasileira em Teresópolis, pedimos a todos os jogadores que eles se lembrassem que além da Copa de futebol devemos ganhar uma outra luta, contra a fome e a miséria. A reação dos jogadores e da direção foi de adesão. Eles já haviam inclusive doado um carro (que o Zetti ganhou em sorteio) para o comitê de Recife. Levamos aí as camisas do time do Chico Buarque e de vários outros artistas, o Fome de Bola, e uma fitinha verde para colocar no braço direito como sinal de adesão à campanha contra a fome e a miséria. Era a fitinha para os jogadores e a torcida, para aparecer aos olhos de todos misturada com a alegria do gol. Estamos apostando nesse encontro das duas Copas. No encontro dessas duas forças que podem se somar para mudar o nosso país enquanto é tempo. Vamos agora falar com o vôlei e com o basquete. Queremos que o combate à fome e à miséria se transforme numa grande luta que saiba combater esse incrível drama humano com as armas e o calor da solidariedade. A Copa já conta com a adesão de milhões de brasileiros. Podemos ganhar uma taça e muita alegria. Precisamos agora da adesão de todos os brasileiros para a luta contra a miséria para ganhar um país digno de se viver. A bola tem que rolar nesse campo todo dia, toda hora, até reverter essa derrota que nos aflige há tanto tempo. Texto Anterior: CBF espera pelos EUA nas oitavas-de-final Próximo Texto: Colômbia recusa responsabilidade Índice |
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