São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 1994
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Acampamentos buscam a especialização

LUCIANA VEIT
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Caminhadas, gincanas, jogos e novas amizades. Esse é o menu básico dos acampamentos de férias para crianças e adolescentes.
Há muitas opções: alguns esportivos, outros mais culturais, além dos especializados –em vela (Dick Sail), equitação (Recre-Ativo), inglês (Farm'n English e English Camp) e um para excepcionais da APAE (o Rancho Adam).
O difícil é escolher. Maria Fátima Freire Dowbor, diretora pedagógica do Centro Educacional Poço do Visconde, diz que "o bom acampamento é aquele em que os monitores dialogam com o adolescente, que enxergam o prazer de jogar bola, de brincar."
Para ela, a experiência pode trazer um desenvolvimento sócio-afetivo: "A posibilidade de conviver em outros grupos, que não o familiar, é muito rica", afirma.
Outra vantagem, segundo a pedagoga, é a de uma experiência desvinculada da aprendizagem. "O interessante é a sua disciplina, uma vivência prazerosa de acordar cedo, sem ser ligada à escola.".
Carolina Ramos da Rocha Paes, 11, conta que era acordada com corneta e sua irmã, Marina Paes, 7, lembra dos concursos: "Era legal, porque em cada quarto tinha um grupo e quem deixasse o quarto mais arrumado ganhava."
Um problema comum nos acampamentos é a saudade da casa. Carolina Felippe de Oliveira, 18, diz que passou 24 dias longe dos pais e o único jeito era escrever. "Você sente saudades, mas se distrai muito e faz novos amigos."
Para ela, o pior dia é o de ir embora. "Tudo que eu não choro de saudades de casa, choro neste dia", diz a estudante.
Para Rosane Mantilla de Souza, chefe do departamento de Psicologia do Desenvolvimento da PUC, o acampamento não é necessariamente uma boa experiência. "Pode ser terrível conviver com várias crianças e uma rotina rígida", diz.
Segundo ela, muitos escrevem para os pais que estão gostando só para não assustá-los.
Outra questão polêmica é a idade mínima para acampar. A pedagoga Fátima Freire Dowbor afirma que o acampamento veio ocupar o espaço da rua e surgiu também como uma necessidade para os pais que não têm férias.
"Pode ser ótimo tanto para crianças como adolescentes, mas pais em férias deveriam ficar com as crianças menores. Já o adolescente deve sair, precisa de um espaço que não a família para respirar e se postar", diz.
A psicóloga Rosane Mantilla acha que não existe uma idade ideal. Mas acrescenta que a partir dos seis ou sete anos a criança pode passar "numa boa" uma semana sem os pais. (Luciana Veit)

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