São Paulo, sábado, 18 de junho de 1994
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Supermercado boicota indústria

DA REPORTAGEM LOCAL

Os supermercados vão boicotar a compra das indústrias que estiverem aumentando os preços em URV ou retirando os descontos.
A decisão foi tomada anteontem em assembléia da Associação Paulista de Supermercados (Apas) com 300 supermercadistas.
"Não se trata de boicote", diz Firmino Rodrigues Alves, vice-presidente da Apas. A questão, segundo ele, veio à tona com a possibilidade de os supermercados colocarem os preços em URV, antes da entrada do real.
Os supermercados aguardam apenas o sinal verde do ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, para emitir o cupom e a nota fiscal em URV. A Fazenda estadual já disse que autoriza, se o ministro aprovar, informou a Apas.
Segundo Rodrigues Alves, os supermercadistas acham difícil colocar os preços em URV nas prateleiras se as indústrias continuarem retirando os descontos ou aumentando os preços em URV.
Os descontos, que agora estão diminuindo, devem voltar depois do dia 20 de julho, prevê Rodrigues Alves.
"A indústria tem gordura de sobra". Para ele, a concorrência entre as empresas também deve forçar a volta dos descontos.
A Folha apurou que uma grande indústria do setor de alimentos, que havia reajustado os preços em URV há dez dias, já voltou atrás.
Desabastecimento
O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Paulo Afonso Feijó, disse ontem que os produtos da cesta básica, cujos preços foram reduzidos por ordem judicial, não serão repostos. Se isto acontecer, poderá haver desabastecimento.
A Coordenadoria das Promotorias de Defesa Comunitária obteve na quinta-feira liminar da Justiça que obriga as seis maiores redes de supermercados de Porto Alegre (RS) a converterem em URV os preços de 35 produtos da cesta básica pela média dos quatro últimos meses de 1993.
"Ninguém vai obrigar supermercado nenhum a operar com prejuízo", afirmou Feijó. A Agas vai recorrer da decisão judicial, quando for notificada.
Colaborou a Agência Folha, em Porto Alegre

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