São Paulo, domingo, 19 de junho de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Líderes viram mito em discurso de Bisol Senador conta lenda em palanque AMÉRICO MARTINS
Nos comícios, Bisol aposenta os tediosos falatórios e os substitui por lendas populares que conta aos militantes do PT. A mais frequente estória de seu repertório é a de Cameron, o menino que engoliu uma estrela. O senador repetiu a lenda recentemente em Porto Alegre e no comício do último dia 12, em São Paulo. Bisol inicia afirmando que gosta de poesia e sabedoria em comícios. Depois, relata o caso de um menino que vê uma estrela cair debaixo de uma folha de repolho quebrada. Curioso, Cameron recolhe o astro e o leva para casa, escondido dos pais. Alguns dias depois, o menino decide levá-la à escola. Até esse momento, Bisol se mantém tranquilo. Os berros no microfone começam quando ele interpreta o professor tirano de Cameron, que tenta tomar a estrela do menino. Sem alternativas, o menino decide engolir a estrela. Nesse instante, Bisol gesticula e afirma: "Cameron começou a sentir o sangue ferver em suas veias. E, neste momento, ele percebeu que a vida merece ser vivida". Os petistas acompanham o desempenho de Bisol em silêncio, perplexos com a oratória. Em São Paulo, o candidato ao governo pelo PT, José Dirceu, acompanhou o discurso com a boca semi-aberta e olhar fixo. É só no fim do discurso que os personagens políticos aparecem. Bisol reúne forças para gritar que "na África do Sul, o menino que engoliu a estrela se chama Nelson Mandela." É a senha para que a claque petista, que finalmente começa a entender, saia do silêncio e o acompanhe na pregação final: "no Brasil, o menino que engoliu a estrela se chama Luiz Inácio Lula da Silva". Texto Anterior: Entenda o que foi o apartheid Próximo Texto: Candidato agora afirma que vai respeitar lei Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |