São Paulo, domingo, 19 de junho de 1994
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Índios iniciaram conflito, diz líder garimpeiro

DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O ex-presidente da União dos Garimpeiros da Amazônia Legal (Usagal) José Altino Machado diz que os conflitos entre ianomâmis e garimpeiros começou porque os índios passaram a matar garimpeiros.
Altino diz que os ianomâmis receberam armas e treinamento de soldados venezuelanos interessados na expulsão dos garimpeiros da região.
Segundo ele, isso aconteceu após a prisão de soldados venezuelanos em território brasileiro, em fevereiro de 1993.
"Depois desse incidente, as Forças Armadas venezuelanas tiveram de esfriar suas ações na fronteira com o Brasil. A Guarda Nacional da Venezuela passou a conversar com os índios e a convencê-los de fazer o papel dela, ou seja, reprimir os garimpeiros", diz Altino.
"Os índios voltaram de Porto Ayacucho e começou a brincadeira de matar um, depois matar outro garimpeiro", disse Machado.
O coordenador da Funai em Roraima, Suami dos Santos, considerou "absurda" a versão de Altino.
O cônsul da Venezuela em Roraima, René Gaypola, repele a acusação.
"Eu contesto essa afirmação porque os ianomâmis não atacaram os garimpeiros com armas. Eu não sei de onde esse senhor tirou essa informação. A Guarda Nacional da Venezuela nunca forneceu armas para os índios", disse Gaypola.
A Guarda Nacional da Venezuela não quis se manifestar, alegando que o assunto é político.
Altino Machado afirma que a apuração do caso de Haximu foi conduzida como se fosse um "espetáculo".
Segundo Altino, houve precipitação em se enquadrar o crime como genocídio.
"Existiu uma tendência fortíssima de levar o assunto para o espetáculo. A determinação de Aristides Junqueira (procurador-geral da República) não foi de apuração rigorosa dos fatos. A determinação dele foi que capitulasse como genocídio, antes de fazer alguma investigação", diz Altino.
Junqueira não quis comentar a acusação.

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