São Paulo, domingo, 19 de junho de 1994
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Médico da Unicamp prepara sua defesa

DA FOLHA SUDESTE

O advogado criminalista Ralph Tórtima, 51, foi contratado pelo médico Aníbal Faundes para fazer a defesa de acusação de praticar aborto ilegal.
Em entrevista à Folha, o diretor do Caism (Centro de Assistência Integral à Saúde da Mulher) da Unicamp afirmou que o centro vem fazendo aborto em casos de fetos com malformação, que não têm chance de sobreviver.
Tórtima disse que a defesa do médico vai ser baseada no risco de vida que corre a gestante em casos de feto com malformação.
"Vamos provar que os abortos eram feitos apenas nestes casos, regulamentados em lei."
O Código Penal só autoriza o aborto em caso de estupro ou de risco de vida para a gestante.
Tórtima disse que vai acompanhar o cliente durante todo o processo.
O delegado responsável pelo inquérito, Antônio Veiga, marcou para a próxima quarta-feira os primeiros depoimentos de testemunhas do caso. O depoimento do médico ainda não está marcado.
Lei
A secretária de Saúde de Campinas, Carmem Lavras, 41, disse que a prefeitura vai entrar na discussão da reforma da lei de aborto.
Segundo ela, as declarações de Faundes trouxeram de volta a polêmica da descriminalização do aborto.
Ela afirmou que a secretaria pretende realizar um ciclo de palestras e debates para tratar a questão.
Repercussão
As declarações Faundes dividiram a opinião dos médicos durante encontro da Associação Paulista de Medicina, na noite de anteontem em Campinas.
O presidente da entidade, José Knoplich, 58, condenou o fato de Faundes ter declarado abertamente os procedimentos da instituição.
Segundo ele, a decisão de se realizar este tipo de aborto deve ser tomada "dentro dos hospitais".
Knoplich disse que é favorável a revisão da lei de aborto. "Sou contra o aborto, mas sou à favor da prática em casos especiais."

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