São Paulo, domingo, 19 de junho de 1994
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Michel diz que não tem medo do Brasil

DO ENVIADO A LOS ANGELES

Técnico diz que não tem medo do Brasil
O técnico dos Camarões, Henri Michel, 46, disse à Folha que não teme a seleção brasileira. Os dois times se enfrentam na próxima sexta-feira.
"Se eu tivesse medo ficaria em casa e não teria aceitado treinar a equipe de Camarões", afirma.

Folha - Em janeiro deste ano o sr. dizia que não aceitaria pressões do presidente da República dos Camarões sobre a seleção. Por que mudou de idéia e convocou Milla aos 42 anos?
Henri Michel - Não teve pressão nenhuma do presidente para escolher o Milla. Escolhi os jogadores que eu queria em função do talento e da condição física.
Folha - É possível montar uma seleção como a de 1990 em seis meses?
Michel - A questão não é essa. A questão é que a Copa começa domingo (hoje) para nós, são três equipes fortes e nós queremos passar para a próxima fase.
Folha - Qual o principal problema dos Camarões: falta de dinheiro, falta de disciplina ou falta de novos talentos?
Michel - Problema de dinheiro e de disciplina não têm mais. Talento não se pode criar, mas acredito que isso o time já tenha. O problema é construir uma equipe que seja competitiva.
Folha - O sr. não tem medo do Brasil?
Michel - No momento estou preocupado com a Suécia. Vou me preocupar com o Brasil na semana que vem. Sei que o Brasil é um dos favoritos, mas se eu tivesse medo ficaria em casa e não aceitaria treinar a equipe dos Camarões. É só mais um jogo.
Folha - O sr. viu os últimos jogos do Brasil?
Michel - Não vi os jogos contra Honduras e El Salvador, mas conheço o time e sei como ele joga.
Folha - O sr. havia desistido do futebol em 1991 e abriu uma corretora de seguros. Por que aceitou treinar uma seleção tão problemática?
Michel - Porque o futebol é a minha vida, há 30 anos eu vivo futebol. Aceitei porque acho maravilhoso treinar uma equipe como essa e porque é Copa do Mundo.

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