São Paulo, domingo, 19 de junho de 1994
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Romário e Stoichkov devem ser destaques

JOHAN CRUYFF
ESPECIAL PARA A FOLHA

O que é preciso para que um jogador seja o melhor de uma Copa? Normalmente tem que ser de uma das seleções que lutam pelo título. Ninguém indica como melhor alguém de uma equipe que não chega nem às semifinais.
Os torcedores costumam preferir os goleadores. A imprensa também tende a considerá-los os melhores. Na minha opinião, o jogador de destaque é aquele capaz de fazer várias coisas: criar, passar, marcar e até liderar seus colegas em campo.
Nesta Copa há vários jogadores que podem se destacar. Eu quero citar apenas aqueles que considero capazes de praticar o futebol que me agrada.
Roberto Baggio é um dos meus preferidos, mas esta Copa será uma prova de fogo para ele. O meia da Juventus tem tudo para brilhar, mas será tudo ou nada. Se tiver força mental para assumir a liderança da Itália, ninguém discutirá que é um dos três melhores do mundo. Mas se se esconder, ficará no grupo dos bons jogadores, que têm qualidade, mas que nunca dão o salto do gênio.
Na seleção da Colômbia não há um fora-de-série, mas jogadores como Valencia, Asprilla, Rincón ou Valderrama oferecem toques capazes de seduzir o público mundial.
Bergkamp é jogador de grande qualidade, mas uma autêntica incógnita. Para ser o melhor é preciso querer ser o melhor, e esse holandês é um jogador muito frio, que dificilmente assume responsabilidades, apesar de ter condições para triunfar.
Que fará Maradona? Ele é um gênio e pode fazer coisas maravilhosas até andando em campo. Mas na Copa é preciso jogar muitas partidas em alto nível para ganhar e ser o melhor. Maradona pode ir bem duas ou três vezes (uma vez por semana). A Argentina contará com 50% de seu talento. Em alguns momentos, Maradona será de grande ajuda. Em outros, pode ser um inimigo da equipe.
Por fim quero falar de Romário e Stoichkov, que conheço bem, pois jogam no Barcelona. O atacante do Brasil tem tudo para desequilibrar. É daqueles jogadores que parecem não estar em campo e, de repente, aparecem e não perdoam. Eu o classifico de genial e, se estiver inspirado, pode levar a seleção brasileira ao título.
Stoichkov, por sua vez, é um jogador de instinto assassino. Quer triunfar em todas as competições. E só lhe falta a Copa.
Por isso, acho que Romário e Stoichkov podem ser os grandes protagonistas desta Copa.

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