São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 1994
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Orgulho da Argentina vai enfrentar 11 Violas

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

Os times mais ofensivos da Copa fazem neste sábado o duelo mais interessante da segunda rodada do campeonato.
Coube à cidade de Boston o privilégio de assistir Argentina x Nigéria, jogo que vale pela liderança do Grupo D.
A Argentina foi a responsável pela primeira goleada da competição. Venceu a Grécia por 4 a 0 na terça-feira.
O resultado não chegou a surpreender, devido à tradição do time sul-americano. Surpresa mesmo foi o sucesso da nova formação ofensiva da seleção.
Quase todas as seleções do Mundial –entre elas o Brasil– têm atuado com, no máximo, dois atacantes.
Já o técnico Alfio Basile esboçou um sistema que –vá lá– pode ser interpretado como um 4-2-4. No meio-campo, dois super-homens cuidam sozinhos das funções defensivas: Redondo e Simeone.
Em tese, o atacante Balbo e o veterano meia Diego Maradona também atuam no meio.
Mas, pelo menos na terça, realizaram pouco na marcação: Balbo fez 7 desarmes; Maradona, o mesmo. Redondo, por sua vez, desarmou 29 vezes.
Na verdade, Maradona e Balbo foram liberados para se aliar aos atacantes "puros" Batistuta e Caniggia.
O resultado foi uma pressão permanente, em linha, contra a defesa grega. Efeito: a Argentina chutou 18 vezes a gol, 50% a mais do que a média da Copa.
A exemplo dos argentinos, os nigerianos também golearam na terça-feira. A vítima, a Bulgária, caiu por 3 a 0 em Dallas.
O "ofensivismo" da equipe africana tem, porém, suas peculiaridades. Fundamenta-se na velocidade, e não na disposição dos atletas em campo.
A Nigéria foge, ainda, do estereótipo do futebol africano. Não pratica um jogo ingênuo. Não fragiliza a defesa para atacar. Não desrespeita instruções táticas. E, principalmente, não é um time miúdo.
Dá a impressão de que são 11 Violas em campo. Do zagueiro Nwanu ao atacante Yekini, todos exibem o vigor e do atacante do Corinthians e da seleção brasileira.
O técnico holandês Clemence Westerhof acertou a sintonia fina. Apimentou um esquema tradicional, o 4-4-2 também usado por Parreira, com a rápida e alternada movimentação de meias e alas.
A Nigéria não privilegia a troca de passes –foram 257 certos no jogo contra os búlgaros, contra 411 dos argentinos.
A jogada mortal acontece pelas pontas, principalmente pela direita. Qual? A simplória ultrapassagem, que Parreira está afinando com Jorginho e Leonardo no Brasil.
O destaque fica por conta dos dois atacantes: Yekini, que atua em Portugal, e Amokachi, que já emplacou na seleção do Júri Folha, diariamente atualizada no alto desta página.
Para os preocupados: as chances de a seleção brasileira pegar a Argentina ou a Nigéria na segunda fase são menores que 5%.

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