São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 1994
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Rússia assina parceria de defesa com ex-inimigos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Rússia e a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), ex-adversários da Guerra Fria, acertaram ontem um amplo acordo de cooperação política e militar.
O acordo para a entrada da Rússia no sistema Parceria pela Paz prevê a cooperação de Moscou para a segurança européia.
Ele foi assinado em Bruxelas, sede da aliança militar ocidental. "É um marco histórico", comentou em Bonn o ministro alemão da Defesa, Volker Ruehe.
A Rússia torna-se o 21º país a integrar a Parceria pela Paz, que prevê exercícios militares e planejamento de defesa conjuntos, além de intercâmbio de informações.
O ministro russo das Relações Exteriores, Andrei Kozirev, afirmou que Moscou agora aceita que seus antigos aliados do Leste Europeu entrem para a Otan.
Ele ressalvou que essa integração não deve ser apressada e sugeriu que a Rússia também está interessada em participar da aliança.
Países ex-comunistas como Polônia e Hungria têm interesse em entrar na Otan. Eles temem, porém, que um relacionamento especial entre Moscou e a aliança os deixe sem garantias de segurança.
Kozirev disse não haver dúvidas de que haverá problemas de relacionamento entre Moscou e a Otan no futuro, mas que não prevê "obstáculos intransponíveis".
Ele e o secretário de Estado norte-americano, Warren Christopher, anunciaram para setembro um encontro de cúpula entre os presidentes Bill Clinton e Boris Ieltsin.
A declaração divulgada após a reunião de ministros diz que Rússia e Otan "concordaram em desenvolver um relacionamento cooperativo de longo alcance".
Isso incluirá a partilha de informações sobre questões políticas e de segurança relativas à Europa, assim como "consultas políticas, quando apropriado, sobre assuntos de interesse comum".
Numa ressalva aparentemente dirigida a aplacar temores no Leste Europeu, o documento diz que o relacionamento Otan-Rússia não será secreto nem voltado contra interesses de outros países.
"Otan e Rússia têm uma grande responsabilidade quanto ao futuro da Europa", disse Sergio Balanzino, subsecretário-geral da aliança.
Ele deixou claro que Moscou não terá poder de veto sobre as decisões da Otan. Também está fora de questão dividir a Europa em áreas de influência, como fizeram os vencedores da 2ª Guerra na conferência de Ialta, em 1945.
Criada em 1949 sob liderança americana, para conter a expansão soviética na Europa, a Otan reúne EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Holanda, Bélgica, Canadá, Itália, Espanha, Portugal, Grécia, Turquia, Islândia, Dinamarca, Noruega e Luxemburgo.

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