São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 1994
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ONU aprova envio de tropas a Ruanda

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou ontem um plano do governo da França para enviar 2.500 soldados franceses em uma "missão humanitária" a Ruanda.
Os rebeldes da minoria tutsi, em guerra contra o governo de maioria hutu desde o início de abril, consideraram a decisão da ONU como uma "declaração de guerra".
A decisão foi aprovada por 10 a 0, com cinco abstenções –do Brasil, China, Nigéria, Nova Zelância e Paquistão.
A França diz que o envio das tropas poderá começar ainda hoje. Os objetivos são "salvar vidas" e "estabelecer zonas de proteção aos refugiados da guerra".
Cerca de mil soldados serão enviados da França e o restante de bases no Gabão e em Djibuti, na África. A operação contará com 500 veículos e 40 aviões, incluindo 6 de transporte.
A primeira missão será ajudar 8.000 refugiados tutsis na região de Cyangugu, no sudoeste do país.
A missão francesa deve durar dois meses, prazo que a ONU espera levar para enviar um total de 5.500 soldados de sua Força de Paz para a região.
Mais de 200 mil pessoas já morreram na guerra entre hutus e tutsis, que começou depois que o presidente de Ruanda, um hutu, morreu em acidente de avião com causas desconhecidas.
A missão francesa vai operar sob o comando da França e não deve intervir na disputa entre as duas facções que lutam no país.
Alguns países africanos comprometeram-se a fornecer equipamentos e tropas para auxiliar a França na criação das "zonas de proteção".
Os governos dos EUA e do Reino Unido apoiaram a intervenção francesa.
Os rebeldes tutsis acusam o governo francês de ser pró-hutu e de ter ajudado a treinar, no passado, a Guarda Presidencial –que vem sendo acusada como responsável pelos piores massacres na região.
Em 1990, a França também colaborou com o governo hutu para dissolver uma ofensiva rebelde tutsi. Os rebeldes já dominam cerca de dois terços do território.
Durante uma ofensiva ontem em direção ao centro de Kigali, capital do país, os rebeldes bombardearam posições do governo por mais de 12 horas seguidas. No final do dia, novos reforços rebeldes continuavam cercando a capital.

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