São Paulo, sábado, 25 de junho de 1994
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PF prende tripulação de navio estrangeiro

MÔNICA SANTANNA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Agentes da Polícia Federal prenderam anteontem em Paranaguá (100 km a leste de Curitiba/PR) seis integrantes da tripulação do navio Cielo d'Ístria, de São Vicente, ilha do Caribe.
O capitão Hirsl Koloman e mais cinco tripulantes são acusados pela Polícia Federal (PF) de agredir e maltratar os marroquinos Hichan Albuhtiui e Abdurahman Alnacha, passageiros clandestinos do navio.
O capitão Koloman nega as acusações. Ele disse à PF que os clandestinos brigaram entre si e que as marcas de agressões em seus corpos teriam sido feitas por eles mesmos.
Koloman é da Croácia e os demais tripulantes da Eslovênia, todos de religião cristã.
As razões para as ameaças aos marroquinos, de origem muçulmana, seriam de ordem religiosa. Iniciada há 28 meses, a guerra na Bósnia-Herzegóvina, opõe hoje os bósnios de origem sérvia, cuja religião é o cristianismo ortodoxo, a uma confederação entre muçulmanos e croatas.
O delegado José Augusto Chueire, chefe da divisão da PF em Paranaguá, abriu inquérito.
Koloman e os tripulantes estão presos na 2ª Subdivisão da Polícia Civil, aguardando decisão da Justiça brasileira. Os clandestinos voltarão ao Marrocos.
Albuhtiui e Alnacha disseram que foram torturados desde que o navio deixou o porto do Rio de Janeiro, há cerca de um mês.
Segundo os dois, as agressões começaram depois que a tripulação descobriu que a religião deles era muçulmana.
Segundo a polícia, os marroquinos apresentam marcas de agressão pelo corpo. Albuhtiui tem uma ferida no pescoço que ele atribui a uma tentativa de estrangulamento.
Os dois clandestinos foram descobertos durante uma fiscalização da PF.
Uma equipe checa a documentação de toda tripulação cada vez que um navio chega ao porto de Paranaguá.
O agente Porcides, que integrou a equipe da polícia, disse que os marroquinos estavam presos num camarote do navio.
"Eles disseram em italiano que haviam sido agredidos." Porcides viu as marcas no corpo dos clandestinos e prendeu os acusados.
Os marroquinos foram encaminhados ao Instituto Médico Legal de Paranaguá para fazer exames.

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