São Paulo, sábado, 25 de junho de 1994
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Fanáticos jogam futebol até na sala

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O jogo de botão tem adeptos mais que fiéis: fanáticos. Eles são capazes de ficar sem dormir após um jogo e passar dias projetando as peças de acrílico para melhorar seu desempenho.
Entre seus praticantes, estão o ator Osmar Prado e o cantor Chico Buarque, além do "bluesman" André Cristovam.
Os botonistas, em geral, montam coleções com dezenas de times. A maioria das seleções é feita sob encomenda e chega a custar CR$ 80 mil (veja quadro abaixo).
Há também os botões de plástico, menos eficazes para competição, que custam pouco mais de CR$ 3.000,00.
À venda em lojas de brinquedos e de artigos esportivos, esse tipo de botão serviria para "iniciar" os garotos no esporte.
Garotos sim. Porque, pelo menos por enquanto, não há nenhuma mulher que participe dos campeonatos de futebol de mesa organizados pela Federação Paulista.
Em 1989, o botão se organizou e virou futebol de mesa, com regras, federação e calendário de competições para o ano todo.
O botão oficial, de acrílico e com um furo no centro, é feito por apenas duas lojas na cidade, a Lima Botões e a Edu Botões.
Botonistas desde a infância, Lorival Lima, 55, e Eduardo Toscano, 28, começaram a fazer os botões por razões semelhantes: falta de opção para comprar.
Toscano, além dos botões, faz também a mesa oficial. A matéria-prima é uma tábua de aglomerado (placa feita com partículas de madeira) medindo 1,83m x 1,20m.
Lima detém a patente do botão oficial. Ele conta que fez o primeiro time em 1969, quando era ferramenteiro, para o filho de seu patrão. O garoto e o pai gostaram e Lima resolveu entrar no ramo.
Hoje, ele faz os botões de Cristovam e do bicampeão brasileiro de futebol de mesa, Alexandre Laguna, 25, entre outros.
Laguna tem 99 times. "São todos campeões. Tenho todos os times que ganharam a Copa do Mundo a partir de 1970", diz.
Ele também mandou fazer os times campeões brasileiros, de mundiais de clubes, da taça Libertadores da América, da Recopa e da Copa da Uefa, além dos campeões europeus.
Estudante de engenharia civil, Laguna explica que os botões se diferenciam pela espessura, diâmetro e curvatura.
Os jogadores de defesa são maiores e mais altos (6mm) do que os do ataque (4mm). A curvatura ajuda a "pegar melhor na bola", segundo ele.
O bicampeão também decora todos os seus times. "Uso Letraset (espécie de decalque) e colo microdistintivos", afirma. Os distintivos são cópias reduzidas, que os botonistas trocam entre si.
"Depois passo uma camada de esmalte incolor para fixar. Senão a decoração sai na hora de encerar os botões", diz.

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