São Paulo, sábado, 25 de junho de 1994 |
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Brasil conquista oito leões no 41º festival de Cannes
NELSON BLECHER
O "Grand Prix" do Festival foi concedido ao filme "Coberto na Neve", criado pela agência Bozell (EUA) para a Chrysler. Desde 86 que os EUA não ganhavam o prêmio máximo de Cannes. Além da Norton, foram premiados filmes das agências FCB, DM9, Better, Salles/Inter-Americana; Fischer, Justus e W/Brasil. O número de leões ganhos pelo Brasil no festival de 94 só é superado pelo de 1989, quando as agências levaram 16 leões. Em 93 foram seis e, em 92, quatro. O Grande Prêmio contemplou o comercial de um jeep da Chrysler que aparece em todas as cenas trafegando sob a neve, o que evoca desenhos animados infantis. Os EUA tiveram o maior número de comerciais classificados no "short list" do festival (111). Em 1993, o júri de Cannes valorizou concepções de produção dos comerciais. Desta vez, presidido pelo inglês John Hegarty, premiou a originalidade da idéia criativa. Inspirado em experimento científico conduzido na universidade de Wisconsin (EUA), o comercial da agência FCB criado para a Associação dos Fabricantes de Carpete mostra um filhote de macaco submetido a dois ambientes. Entre um boneco-mãe de arame com alimento e o similar macio com revestimento de carpete, o macaquinho opta pelo último. "Agora você pode entender porque todo mundo gosta tanto de carpete", afirma o locutor. O outro leão de prata da FCB foi conferido a um filme de caráter humorístico. Para demonstrar que a farinha Boa Sorte é mais leve, os criadores conceberam um teste. O produto, atirado da janela de um prédio, sobe para o pavimento superior. "Cretino", diz o vizinho. Também bem-humorado é o filme "Casamento", que valeu um leão de prata à DM9. Uma noiva dá um prolongado beijo na boca do convidado da festa que presenteou o casal com um microondas. Em "Duelistas", a Fischer, Justus usa um duelo de armas –no qual os rivais se afastam até saírem da tela– para sugerir ao telespectador que compre uma TV maior para conhecer o desfecho. "O festival de Cannes foi marcado este ano pelo rigor técnico", afirma João Daniel Tikhomiroff, da Jodaf, a produtora brasileira com mais filmes classificados (5). A hegemonia de critérios mais rigorosos de julgamento é confirmada pelo publicitário brasileiro Carlos Chiesa, um dos 22 jurados. Humor vulgar, politicamente incorreto, que faz as delícias da publicidade latina, foi defenestrado. "Câmera", da Norton, vale-se de uma imagem de estúdio –uma câmera fotográfica– para demonstrar a "superioridade" das pilhas longa vida. Se a máquina enguiça, mas a pilha é da marca Ray-O-Vac, só resta ao consumidor trocar a máquina... "O interessante é que o comercial foi rodado sem cortes, o que reforçou a credibilidade", diz Wagner Solano, vice-presidente de criação da Norton. Texto Anterior: Presença de estrangeiros vai quadruplicar na Fispal 95 Índice |
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