São Paulo, sábado, 25 de junho de 1994
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Brasil passa pela síndrome da segunda rodada

MATINAS SUZUKI JR.
ENVIADO ESPECIAL A PALO ALTO

Brasil passa pela síndrome da 2ª rodada
Meus amigos, meus inimigos, o Brasil passou ileso pela síndrome da segunda rodada nesta Copa. Até agora, nenhum time que tinha jogado bem na primeira rodada se deu bem na segunda.
A Alemanha, que teve 15 minutos excepcionais no primeiro jogo, suou muito a camisa para empatar com a Espanha.
A Romênia, que passou muito bem pela Colômbia, foi goleada pela Suíça. E a Irlanda do Norte, que havia vencido a Itália, sucumbiu ao México.
Faltam a Argentina e a Nigéria. Mas, como os dois se enfrentam hoje, a estatística fica prejudicada.
O Brasil é o primeiro time desta Copa a fazer seis pontos. É o primeiro a ser matematicamente classificado.
Isto dará tranquilidade ao time, que agora só espera a definição dos adversários. Mas é preciso não se iludir muito.
Em primeiro lugar, o grupo do Brasil é mais fraco do que o da Alemanha –e, certamente, mais fraco do que o da Itália.
Além disso, quando o time de Camarões estava inteiro, ainda no primeiro tempo, o Brasil encontrou muita dificuldade para jogar. Não havia condições de preparação de jogadas de definição.
O primeiro tempo do Brasil preocupou, até porque os atacantes de Camarões, principalmente a sua estrela, Omam Biyik, foram apagados dentro do jogo.
O técnico francês de Camarões, Henri Michel, preparou um esquema diferente para o jogo de hoje. Um 4-4-2, com marcação por zona, bastante semelhante ao esquema brasileiro.
O esquema era tão parecido com o brasileiro que o número 8 de Camarões, Mbouh Mbouh, é a cara e joga da mesma maneira do Ezequiel do Corinthians.
Depois do primeiro gol, o time africano foi se desarrumando taticamente e acabou de vez com a expulsão do garoto Song Bahanag, 17 anos.
No Brasil, estiveram muito bem Aldair, na defesa, e Bebeto, no ataque. Bebeto entrava pela esquerda, caindo nas costas do lateral Tataw (14).
Quando o técnico de Camarões reforçou aquela zona, Bebeto se deslocou pela direita e se movimentou muito. Romário, fora do jogo, só relampejou no gol –fundamental para o time achar o seu jogo.
Raí voltou a jogar mal. Zinho ainda não veio para a Copa. Mauro Silva e Dunga continuam sendo jogadores fortes de marcação, mas de pouca utilidade em jogos como este.
Pelas laterais, Jorginho, que é um jogador sempre regular, hoje teve bastante dificuldades para passar e cruzar.
Leonardo, perigoso quando está próximo à linha de fundo, está sentindo muito a má fase de Zinho.
O que mais impressiona na Copa da América até agora é a quantidade de público nos jogos. Há torcida para todo mundo. Um jogo como Bolívia e Coréia do Sul estava de casa cheia.
No Brasil, não teria ninguém. A média de tempo com a bola rolando também é muito boa, acima de 60 minutos, segundo me dizem aqui. E até o jogo do Brasil ontem, só havia um jogo sem gol.
Nada mal a Copa da terra dos bravos.

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