São Paulo, sábado, 25 de junho de 1994
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Derrota provoca depressão na Romênia

UBIRATAN BRASIL
ENVIADO ESPECIAL A PONTIAC

A seleção da Romênia entrou em depressão. Depois de uma grande estréia, quando venceram a Colômbia (3 a 1), os romenos sofreram uma goleada da Suíça (4 a 1), arranhando profundamente sua auto-estima.
"Não sei o que aconteceu. Os erros na defesa foram imperdoáveis", disse o técnico Anghel Iordanescu, que espera conseguir ao menos um ponto contra os Estados Unidos, amanhã, em Los Angeles.
Se terminar em terceiro lugar no Grupo A, a Romênia poderá ser adversário do Brasil, nas oitavas-de-final, se os brasileiros ficarem em primeiro no Grupo B.
"Quero ver como os jogadores vão reagir às mudanças que vou fazer no time", comentou Iordanescu, que completou ontem um ano como treinador da seleção.
As acusações pela derrota, ainda que sutis, continuaram entre os jogadores. "Faltou concentração a todo o time", percebeu o capitão Georghe Hagi, 29, o mais experiente do time (soma 85 jogos pela seleção, com 24 gols marcados).
"Quando tomamos o segundo gol, simplesmente passamos a jogar como uma equipe pequena."
"Erramos tanto", comentou o meia Angelo Lupescu, 25, "que nem sei se vai dar tempo para analisar tudo, antes do jogo contra os Estados Unidos".
O estádio coberto de Silverdome também foi apontado como adversário dos romenos. "No segundo tempo, sentimos falta de ar e as pernas não respondiam", lembrou Hagi, que joga no Brescia italiano e que terá agora a incumbência da coordenar o ataque e a defesa.
"Como a Suíça já tinha jogado neste campo (no empate de 1 a 1 contra os Estados Unidos), estava acostumada. A decisão de nos fazer jogar primeiro na Califórnia e depois no Silverdome não foi nada correta."
As reclamações encobrem agora o otimismo exagerado que dominava os romenos, logo depois da primeira vitória.
"Estaremos nas semifinais, junto de Brasil, Alemanha e Argentina", disse, antes da derrota, o técnico Iordanescu, que, quando foi jogador, marcou 150 gols em 300 jogos disputados pelo Steua Bucarest.
Também confiante, o presidente da Federação Romena, Mircea Sandu, disse que o prêmio pelo título será de US$ 125 mil a cada um. "Mais que o Brasil", orgulhou-se, citando como de US$ 100 mil o prêmio prometido pela CBF.
A euforia começou com a classificação para a Copa do Mundo, que foi acidentada. Depois de goleada pela ex-Tcheco-Eslováquia (5 a 2), a Federação tirou o treinador Cornel Dinu. Em seu lugar assumiu Iordanescu, apontado como adepto do futebol ofensivo.
A classificação veio nos três jogos seguintes. No último, contra o País de Gales, o atacante Raducioiu marcou o gol da vitória (2 a 1), tornando-se herói nacional e provocando uma festa nunca vista em Bucareste, capital romena.
A Romênia terminou em primeiro lugar no Grupo 4 da Europa, com o melhor ataque (29 gols), mas uma das piores defesas (12).
Na viagem a Los Angeles, anteontem, porém, o time romeno evitava promessas. "Vamos nos classificar", disse o técnico Iordanescu. "Mas não vai ser fácil."

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