São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994
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Canavieiro não contesta dados

DA AGÊNCIA FOLHA, EM JOÃO PESSOA

O presidente da Asplan (Associação dos Plantadores de Cana) da Paraíba, Oscar Gouveia Cunha Barreto, 51, disse não poder contestar as denúncias dos pesquisadores da UFPB.
"Acredito ser uma pesquisa séria", afirmou. Segundo ele, os pesquisadores deveriam apontar os nomes dos usineiros ou fornecedores de cana que exigem carga horária de trabalho excessiva e que exploram crianças.
"Fica difícil combatermos tais irregularidades, se não soubermos quem são os infratores", afirma Barreto.
Ele disse desconhecer as acusações da CPT da existência de trabalho semi-escravo.
Barreto negou que crianças trabalhem nos canaviais da Paraíba. Admitiu que já houve época em que isso aconteceu.
"Isso não vem mais acontecendo, pelo menos que eu conheça. Mas alguns pais levam os filhos para ajudar no ganho e isso escapa do controle. Na minha fazenda, por exemplo, é proibida a presença de crianças", disse.
Para Barreto, "não existe essa exploração que se pinta no campo. Hoje, há uma mudança quase que total. Temos orientado os plantadores de cana a legalizarem a situação dos seus trabalhadores", declarou.
Sobre a falta de segurança no transporte, ele reconhece o perigo e diz que os produtores de cana não dispõem de recursos para comprar ônibus.
"Entendo que o trabalhador merece conforto, mas não temos condições de oferecer um transporte melhor".
Segundo ele, a informação de que os canavieiros ganham menos que o mínimo "não é verdadeira".
Barreto afirmou que, com a URV, os canavieiros da Paraíba tiveram um ganho real 20% acima do salário mínimo.

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