São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994
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E vamos lá de novo...

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

Entramos na última semana de vida do cruzeiro real. A partir de sexta-feira ele será apenas mais uma cruz no cemitério monetário do Brasil. Um a um, cruzeiro, cruzeiro novo, cruzado, cruzado novo e o ainda moribundo cruzeiro real, sucumbiram à hiperinflação que nos domina desde o início da década de oitenta. A pergunta que se fazem os brasileiros, neste momento de mais uma reforma monetária, é uma só: e o real?
A avaliação do sucesso do programa articulado pelo ex-ministro Fernando Henrique Cardoso deve ser construída de forma racional e isenta de motivações de natureza político-partidária. Isto não é fácil neste momento.
Todos sabem que o Plano Real vai representar fator determinante nas eleições presidenciais. Não é por outra razão que os candidatos de oposição ao presidente Itamar já posicionaram suas baterias contra o Plano. Principalmente o PT, que através de seu braço sindical já avisou como vai atuar: pesadas reivindicações salariais.
E a CUT não é nada modesta. Vai pedir mais de 40% de aumento nos salários em real! Por outro lado, o deputado Paulo Paim está articulando no Congresso o aumento do salário mínimo para 100,00 reais.
Gostaria de alinhar alguns pontos para ajudar o leitor a refletir sobre o que esperar do Plano Real. Desde a primeira tentativa de estabilização –o Plano Cruzado– a economia brasileira mudou muito.
Primeiro foi realizada uma profunda alteração na estrutura fiscal e financeira do governo federal. O Banco do Brasil perdeu a capacidade de emitir moeda, foi criada a Secretaria do Tesouro Nacional e o Banco Central passou a ser o agente financeiro do Tesouro.
No Plano Collor foi dado um calote substancial na dívida pública federal, abrindo um caminho pouco ortodoxo para o equilíbrio financeiro do governo federal. A dívida mobiliária federal em mercado hoje, cerca de US$ 38 bilhões, desaparece pela conjugação de uma monetização da economia e uma redução em nossas reservas externas para níveis normais.
Finalmente, a abertura de nossa economia vai permitir, pela primeira vez, a utilização em larga escala das importações como instrumento de controle dos preços internos.

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