São Paulo, domingo, 26 de junho de 1994
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NO CAMINHO DA ROÇA

COSETTE ALVES

(continuação)
Tive um embate violento com a área econômica do governo. Eles não têm consciência da importância da agricultura.
Fui ministro durante 75 dias. Saí quando o governador Fleury e o meu partido, o PMDB de São Paulo, decidiram romper com o presidente Itamar. Saí porque entendo que em política alguns princípios não devem ser arranhados. A lealdade é um deles."
Plano econômico: "O plano do ministro Fernando Henrique Cardoso, a meu ver, é superficial. Além disso, temo que a saída do ministro coloque o plano a perder. Apesar de o plano não resolver todos os problemas, temos que torcer para que dê certo."
O Estado: "Defendo a racionalização do Estado. O bom gerenciamento e o investimento. Não há dúvida de que ninguém deve defender o déficit. Mas não podemos deixar de investir, em um país como o nosso. O Brasil tem US$ 50 bilhões aplicados em obras inacabadas."
Juros altos: "Não sou economista, mas acho que esta política de juros altos é destrutiva para o país. Eu vejo lá em Itapira: quando os juros estão baixos, todo mundo trabalha, os negócios se movimentam, a indústria emprega. Quando os juros estão altos, 200 ou 300 pessoas ficam na praça ou num bar chamado Cachiva o dia inteiro."
Brasil: "Eu vejo o país sangrando em saúde. Seis meses para discutir o IPMF, para dar US$ 3 ou 4 bilhões de receita. O país joga fora uma fábula de dinheiro em armazenagem. Eu tinha começado a moralizar a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e o sistema de armazenagem pública quando saí. É crime tanto desperdício em um país com tanta fome."
Propostas para o Brasil: "Encontrar um caminho. Reduzir violentamente a taxa de juros e, assim, permitir o aumento da produção. O Brasil jamais será uma grande nação enquanto a lei só existir para o pobre e a Justiça não funcionar".
O candidato Barros Munhoz propõe plantar (leia, ao lado, box sobre suas prioridades). Será que temos plantado? E quem planta, tem para quem vender? A terra é fértil, mas as pessoas são pobres. Falta muito, e muito precisa ser feito, para que os brasileiros possam um dia "cultivar o seu jardim".

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