São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 1994
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Importação pode garantir abastecimento

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Altas taxas de juros e redução das alíquotas de importação são algumas das armas do governo para evitar o aumento de preços e uma eventual escassez de produtos agrícolas com a chegada do real.
"A livre importação, sem a confusão do Cruzado, deve garantir preços e abastecimento", diz Guilherme Dias, presidente da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisa) da Universidade de São Paulo.
No caso da carne bovina, por exemplo, as alíquotas foram zeradas há duas semanas. Mas a medida, dizem os pecuaristas, não deve surtir efeitos de redução de preços.
"Será difícil colocar carne importada no mercado com preços menores do que os nossos", diz Victor Nehmi, do Sindipec.
Os produtores de frango já se preparam, frente a alta da carne, para aumentar suas vendas.
"O consumo de carne de frango deve subir 10% este ano e a alta do preço do boi vai incentivar este aumento", diz José Luiz Fioretto, presidente em exercício da União Brasileira de Avicultura.
Fioretto diz que o setor trabalha com baixos índices de ociosidade e se a economia der sinais claros de reaquecimento, investirá para aumentar a capacidade de produção.
"Haverá forte demanda por alimentos, que deverá pressionar a inflação após a nova moeda", diz Juarez Rizzieri, coordenador do índice de preços da Fipe.
Rizzieri afirma que com a queda da inflação, o dinheiro que antes era perdido com o chamado imposto inflacionário deverá ir para o consumo de alimentos.
"O aumento de renda traz crescimento diferenciado da procura por bens. O leite e principalmente seus derivados devem registrar maior aumento de consumo do que o feijão, por exemplo", diz Sebastião Teixeira Gomes, consultor da Embrapa.
No caso dos queijos, lembra Gomes, algumas alíquotas já foram zeradas (mozarela, por exemplo) como forma de coibir a alta de preços.
"Em menos de dois meses, é possível colocar o produto importado nas prateleiras dos supermercados e com preço mais barato", lembra Gomes.
Junji Abe, diretor da Federação de Agricultura do Estado de São Paulo, diz que a garantia de que não haverá congelamento tranquiliza os agricultores e garante que não haverá falta de produtos.(SB)

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