São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 1994 |
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Quarteto de Berlim toca no Municipal
JOÃO BATISTA NATALI
Onde: Teatro Municipal de São Paulo Quando: hoje e amanhã, às 20h30 Programa: Hoje, Chostakovitch ("Quarteto nº 7", op. 108), Beethoven ("Quarteto nº 13", op. 130) e Brahms ("Quarteto nº 1", op.51,1); amanhã, Mozart ("Quarteto nº 14" K.389), Schulhoff ("Quarteto nº 1") e Mendellssohn ("Quarteto nº 2", op.13) Ingressos: de 14 a 45 URVs A existência de conjuntos de câmara que procuram tirar proveito da reputação da orquestra à qual seus integrantes pertencem jogou um pouco de descrédito em algumas dessas pequenas formações. Não é este, em absoluto, o caso do Quarteto da Filarmônica de Berlim, que se apresenta hoje e amanhã, às 20h30, no Teatro Municipal de São Paulo. O polonês Daniel Stabrawa é o primeiro violino da orquestra e também do quarteto. Christian Stadelmann, alemão como os três outros integrantes do conjunto, é o principal instrumentista do grupo de segundos violinos. Neithard Resa é o primeiro violista e Jan Diesselhorst, mais modestamente, é um dos 12 violoncelistas da orquestra. As duas apresentações, na temporada do Mozarteum Brasileiro, valeria também a pena pelos instrumentos que o quarteto utiliza. Stabrawa tem um Ruggiero de 1680, Stadelmann e Diesselhorst trabalham com Celoniatus, ambos de 1728, e Resa interpreta num Tonono de 1690. O conjunto, criado em 1984, traz em seu repertório uma peça de Erwin Schulhoff, compositor judeu cuja música foi proibida pelo nazismo e que morreu em campo de concentração. Stadelmann, em entrevista ontem de manhã, negou que o quarteto procura homenagear propositalmente compositores que foram atingidos pelo mesmo anátema. Mas reconhece que há hoje na Alemanha um processo cultural que vai nesse sentido, o que permite desarquivar peças de altíssima qualidade de vítimas do Reich, como Ullmann ou Ernst Krenek. Mas o quarteto, diz outro de seus integrantes, Diesselhorst, não tem feito desses compositores suas gravações. Eles têm se concentrado em Chostakovitch, Mozart, Schubert, Ravel e Bartok. Não são autores impostos ou sugeridos pelo diretor musical da Filarmônica de Berlim. Tanto com Herbert Von Karajan quanto com seu sucessor, Claudio Abbado, dizem os músicos, o quarteto possui autonomia de repertório e não chega a refletir, com a música de câmara, as mudanças de orientação recebidas quando se exibem em formação sinfônica. O quarteto traz hoje Chostakovitch, Beethoven e Brahms; amanhã, além de Schulhoff, apresentam Mozart e Mendelssohn. Texto Anterior: País não merece vitória do Plano Real Próximo Texto: FOTOS Índice |
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