São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 1994
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Tese e conclusões; Aborto em debate; Monopólios e seus feitos; Sumiço dos reais; Lucro fácil; Copa 94; De cidadãos e de cervejas

DE CIDADÃOS E DE CERVEJAS

Tese e conclusões
"A matéria `FHC de ontem seduz adversários', publicada na pág. 1-8 de 25/06, a propósito da defesa da excelente tese da economista Lidia Goldenstein, na Unicamp, exige dois reparos no que me diz respeito. Primeiro, sou eleitor de FHC, e não coordenador de sua campanha no Rio de Janeiro. Segundo, na qualidade de membro da banca examinadora, levantei algumas dúvidas de natureza teórica sobre a utilização da noção de `dependência' como referente conceitual para a análise das questões tratadas na tese. Fiz uma menção à crise do `Estado-nação', mas acentuando que isso se coloca em outro nível de abstração. É totalmente improcedente deduzir do que afirmei que eu seja favorável às receitas do FMI, Bird ou `consenso de Washington' (siglas e termo que nunca foram mencionados no debate) até porque não o sou; como também é improcedente retirar do debate acadêmico ocorrido as implicações politico-partidárias mencionadas na matéria. Procurado depois por Fernando de Barros e Silva, pessoa que prezo, adverti-o que o que foi dito durante a defesa de tese não autorizava a conclusão por ele pretendida. Sugeri até que, se ele estava interessado na natureza das divergências entre adeptos de candidaturas opostas, que promovesse na Folha um debate específico sobre o assunto."
Luciano Martins, professor titular de ciência política da Universidade Estadual de Campinas (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Fernando de Barros e Silva – De fato o professor Luciano Martins não é formalmente o coordenador da campanha de FHC no Rio, apesar de participar de reuniões com o candidato, ter articulado um manifesto de apoio a seu nome e convocar encontros de intelectuais para elaborar o programa de governo do PSDB. Em relação ao segundo ponto, assumo a responsabilidade de ter inferido, a partir do que expôs o sociólogo, que seu raciocínio desemboca nas teses defendidas pelo chamado Consenso de Washington.

Aborto em debate
"Queremos cumprimentá-los pelo papel de excelência que o jornal vem desempenhando no debate em torno da anacrônica ilegalidade do aborto no país. Desejamos dizer que as declarações efetuadas por representantes da categoria médica desvendam aspectos fundamentais desse debate, a ele adicionando um elemento absolutamente fundamental na conquista da saúde e direitos reprodutivos das mulheres –o apoio da categoria médica."
Margareth Arilha, do Conselho Diretor da Comissão de Cidadania e Reprodução (São Paulo, SP)

Monopólios e seus feitos
"O Brasil deve ser o único país do mundo onde existem empresas que, não obstante explorarem determinados serviços em regime de monopólio legal, ainda vêm a público em horário nobre na televisão alardear seus feitos. É o que está fazendo a Telebrás, ao mesmo tempo em que os empregados de diversas de suas controladas entram em greve por melhores condições de trabalho. Nas economias verdadeiramente capitalistas o cidadão tem fácil acesso ao serviço telefônico. A expansão do comércio de linhas telefônicas por empresas particulares é uma prova evidente do colapso dos serviços de telefonia no Brasil, tornando o que deveria ser um serviço de fácil acesso à população um privilégio de poucos."
Marcos Abrão (São Paulo, SP)

Sumiço dos reais
"A respeito das matérias 'E se sumiu mais?' (18/06), do jornalista Clóvis Rossi, 'Pobre Maquiavel' (19/06), de Antonio Ermírio de Moraes, e do editorial 'Pitoresca pré-estréia' (18/06): a) o extravio ocorreu no momento do recondicionamento das embalagens de cem unidades de moedas e não na distribuição. O episódio, isolado, decorre de `falha em serviço' e nada tem a ver com `tarefas práticas da execução do novo plano econômico'. b) Quanto à desconfiança do sr. Rossi, gostaríamos de registrar que nenhum prejuízo ao patrimônio público haveria se as moedas não fossem encontradas por dois catadores de papel, ou se eventualmente erros semelhantes tivessem ocorrido em qualquer parte do país. Na primeira conferência de caixa, que ocorreria naturalmente no primeiro dia de circulação do real, seria possível detectar qualquer diferença. Nessas situações, são apuradas as responsabilidades e as dierenças assumidas pela pessoa envolvida no manuseio de numerário. c) Em relação à dúvida do sr. Ermírio de Moraes, de que as moedas somente poderiam ter sido retiradas da agência com a ajuda de alguns `facilitadores', certamente o artigo não levou em conta as conclusões da auditoria deste banco. O que aconteceu, lamentavelmente, foi falha de serviço e não obra maquiavélica. d) Finalmente, registramos que essa operação inédita, conduzida em sua maior parte pelo Banco do Brasil, envolve o manuseio de 572 milhões de unidades de moedas, pesando 2 mil toneladas e 880 milhões de cédulas, totalizando 800 toneladas. O Banco do Brasil, que sempre distribuiu o numerário no país, por delegação do Banco Central, exerce com o maior rigor esse trabalho."
Antônio Carlos Silva, secretário-executivo de Comunicação em exercício do Banco do Brasil (Brasília, DF)

Lucro fácil
"A lucidez do jornalista Janio de Freitas mais uma vez o leva ao brilhantismo de suas idéias no artigo `As regras dos bárbaros', de 26/06. Fomos cobaias das experiências econômicas impostas por tecnocratas de todas as matizes. Agora, com o Plano Real, mais uma vez alguns setores do empresariado buscam o lucro fácil e tentam esconder a verdade em `esclarecimentos' pagos na grande imprensa."
René Marcio Ruschel (Umuarama, PR)

Copa 94
"O caderno Copa 94 está parecendo a tribuna do Palestra Itália: só tem corneteiro. O time ganhou duas, fez cinco gols e não tomou nenhum. Mesmo assim, todos os jornalistas escalam, tiram esse, colocam aquele e oferecem fórmulas para a vitória. Afinal, são jornalistas ou técnicos? Bom mesmo é ler o Cruyff e o Telê que, além de não escalarem o time dos outros, têm o verdadeiro conhecimento do futebol!"
Fernando de Sampaio Barros (São Paulo, SP)

"Meus amigos, meus inimigos, como diria o Matinas Suzuki Jr., o time do Brasil até agora só pegou galinha morta, por isso não deve cantar de galo."
Jurcy Querido Moreira (Guaratinguetá, SP)

"O sr. Gilberto Dimenstein está recheado de razão quando diz: No Brasil, o cidadão não é o número 1'."
Francisco de A. Genovese (Campinas, SP)

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