São Paulo, quarta-feira, 29 de junho de 1994
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Rolls-Royce testa motores a jato na tela

NUALA MORAN
DO "INDEPENDENT ON SUNDAY"

A Rolls-Royce afirma que vai cortar um ano do tempo requerido para criar novos motores a jato graças a um investimento de 40 milhões de libras esterlinas (US$ 62,08 milhões) em sistemas computadorizados capazes de projetar, construir e testar o produto antes mesmo de cortar um só pedaço de metal.
O emprego de definição eletrônica do produto vai permitir à empresa economizar milhões de libras que seriam investidos na construção de protótipos antes dos testes dos motores em tamanho real. O tempo para chegada do produto ao mercado cairá de quatro para três anos, com custo do projeto cerca de 30% mais baixo.
O sistema da Rolls é considerado o primeiro a fazer a plena definição eletrônica –sem protótipos– de produto tão complexo como o motor RB211 da empresa, que tem 18 mil componentes.
A Ford Motors tem programa de tecnologia com objetivo semelhante. Outras empresas, como a Shorts, produtora de motores aeronáuticos em Belfast (Irlanda) e a Perkins deram seus primeiros passos na mesma direção.
A Rolls-Royce está investindo este ano 14,1 milhões de libras esterlinas em sistemas de projeto auxiliado por computador (CAD). O equilíbrio dos investimentos deve ser atingido no ano 2000. Todo o dinheiro colocado no projeto vai para a Computervision, que trabalha com a Rolls na definição eletrônica de produtos desde 89. A fábrica usa equipamento da Computervision desde 79.
Phil Ruffles, diretor de engenharia do grupo Rolls-Royce Aerospace, afirma que o contrato foi firmado para "promover o alinhamento estratégico" da tecnologia com os negócios da empresa.
A Rolls testou a tecnologia para colocar a capa de seu mais novo e mais potente motor, o Trent. O processo, que envolve a colocação dos milhares de componentes como tubos de combustível, sistemas de monitoramento e cabos que contornam o motor para se ligar a seu núcleo, tradicionalmente exige a produção de maquetes para, por exemplo, saber com certeza se há espaço para tudo.
Usando um processo baseado em computador denominado pré-montagem digital, a Rolls-Royce reduziu em 12 semanas o tempo exigido para essa fase.
"Há muito tem sido possível definir um produto eletronicamente em termos de geometria, mas esse é apenas um nível de informação. O sistema também sabe a relação entre todas as peças", diz Mark Holmes, gerente de marketing da Computervision.
Outra vantagem do modelo eletrônico sobre o protótipo é que ele pode ser atualizado instantaneamente conforme diferentes equipes de projeto fazem suas modificações. Com isso, todos trabalham sempre na versão mais atual do projeto.
O programa da Computervision também controla todas as informações de engenharia (dados mecânicos, elétricos ou eletrônicos) de forma que especialistas de diversas áreas podem trabalhar no projeto ao mesmo tempo, em vez de esperar sua vez, que é o que ocorre no projeto tradicional.
A Rolls vai integrar seu próprio software de teste –que, por exemplo, faz análise de fadiga e avalia a aerodinâmica dos produtos– ao programa da Computervision, permitindo que também essas tarefas sejam realizadas simultaneamente.
Esses sistemas de projeto também representam um passo à frente em termos de inteligência do modelo produzido. O sistema capta a lógica dos componentes, de forma que, quando define um cabo, sabe não apenas como é sua estrutura, mas também o que vai passar por ele. Se um projetista tentar conectá-lo em lugar errado, o sistema vai indicar a falha.
"Isso faz enorme diferença na qualidade do produto. Companhias aéreas são extremamente rigorosas e estritas em seus padrões de projeto. Historicamente, alcançá-los exige muito tempo e checagem", diz Holmes.
Segundo David Leister, gerente de estratégia em engenharia de sistemas da Rolls-Royce, a adoção do novo sistema vai mudar a relação com os fornecedores. "A meta é trabalhar mais em paralelo com os fornecedores." Isso exigirá que as informações transitem melhor, para manter os fornecedores lado a lado com as equipes da Rolls.
Como parte do contrato, a Computervision formará uma consultoria para ajudar os fornecedores a integrar seus sistemas de projeto e produção aos da Rolls.
"Sempre há riscos ao projetar um motor totalmente novo", diz Lester. "Essa tecnologia vai tornar o processo menos traumático."

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