São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lula declara não ser comunista e se diz seguidor de líder capitalista

DA SUCURSAL DO RIO

O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem, na Baixada Fluminense (RJ), que não é comunista. "Não tenho um discurso marxista", disse.
"Meu discurso é como o de Henry Ford (1863-1947), que diz ser preferível pagar bons salários para os empregados comprarem os carros que fabricavam", disse.
Depois de citar o empresário norte-americano, criador da Ford Motor Company, Lula chamou o capital estrangeiro de "covarde".
Segundo Lula, em 1989, Fernando Collor disse que iria integrar o Brasil ao Primeiro Mundo, desconhecendo que o "capital é covarde e só vai para onde pode ganhar".
Lula afirmou que, se for eleito presidente, vai dar US$ 50 de aumento ao salário mínimo. "O trabalhador terá salário para comprar feijão, carne, frango, liquidificador, ventilador", disse.
O candidato afirmou que esse dinheiro não vai servir para computadores e produtos importados. "Vamos criar empregos".
"Há 15 anos, estamos sem inflação de demanda. A inflação é política; só termina no dia em que houver um acordo entre nós", afirmou Lula.
Inflação de demanda, citada por Lula, ocorre quando há um descontrole dos preços em razão de um crescimento acelerado do consumo.
Lula visitou, durante o dia de ontem, obras inacabadas de um hospital, em Saracuruna, e se encontrou com membros da Igreja, em Belford Roxo.
Ele almoçou com 150 empresários e líderes políticos de Duque de Caxias (RJ).
O candidato fez três discursos, durante a visita, e ficou mais de uma hora na carroceria de um caminhão, rodando pela periferia de Duque de Caxias.
"O roteiro foi montado para que ele visse a realidade social da Baixada e não para que ele apertasse mãos de pessoas", disse o deputado Alexandre Cardoso, do PSB.
Em todos os discursos, o candidato afirmou que as autoridades não resolveram os problemas de saúde, segurança e emprego porque as elites brasileiras "entraram em declínio".
"Dizem que eu não tenho experiência para governar, mas o que as elites fizeram na Baixada Fluminense?", perguntou.

Texto Anterior: FHC promete obras e diz que Lula mente
Próximo Texto: Trabalhadores não tinham registro em 89
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.