São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 1994
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"Demitidos da CMTC"

FRANCISCO CHRISTOVAM

Movido por puro ranço ideológico, o vereador Francisco Whitaker (PT-SP) desafia a lógica para tentar negar uma verdade: a privatização da CMTC vira uma página triste de clientelismo, desperdício e ineficiência, abrindo caminho para a solução do problema do transporte coletivo em São Paulo.
Pior que o preconceito ideológico, porém, são as omissões, desinformações e falsidades do artigo publicado nesta seção no último dia 16. Líder da administração passada na Câmara Municipal, o vereador não pode alegar desconhecimento sobre o descalabro que havia na CMTC.
No período 89/92, o número de funcionários por ônibus subiu de 7 para 10, elevando para 27 mil o número de empregados. A CMTC tragava dos cofres públicos US$ 0,5 bilhão por ano, com prejuízo diário de um US$ 1,5 milhão.
Até dezembro de 92, a empresa acumulou títulos protestados e tentativas de furtos foram descobertas. Esses dados demostram a situação caótica da empresa no momento em que o prefeito Paulo Maluf assumiu.
Nos primeiros meses de 93, bem antes do início da privatização, promoveu-se um desinchaço da empresa, com extinção de cargos e demissão de 5.000 empregados.
Quanto à privatização, a preocupação primordial foi com o destino dos trabalhadores da companhia. De um total de cerca de 20 mil empregados, 65% foram absorvidos pelas empresas privadas. Outro contingente, de 25%, por razões variadas, não aceitou o emprego oferecido pelas empresas; outros, que trabalhavam meio período na CMTC e tinham outra atividade, desistiram da contratação. Apenas 10% dos ex-empregados não foram contratados.
Resta esclarecer a situação dos 2.600 funcionários que continuam vinculados à empresa. Primeiro, os diretores. Ao contrário do que afirma o vereador, em reunião do seu Conselho de Administração no último dia 9 de junho, a CMTC, acolhendo determinação do prefeito, reduziu pela metade o número de diretores executivos.
A empresa tem ainda 600 funcionários estáveis –por tempo de serviço ou por funções sindicais– e 750 afastados pelo INSS.
Excluídos esses casos, são pouco mais de mil os funcionários com os quais a empresa conta para o desempenho de suas funções básicas: planejamento, implantação e manutenção de pontos de abrigos, fiscalização e programação de linhas e, o mais importante, o gerenciamento de programas que modernizarão os transportes.
Em resumo, foi apenas de sua imaginação que o vereador tirou as "18 mil famílias dos demitidos da CMTC".

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