São Paulo, domingo, 3 de julho de 1994
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Ministro se transforma em "fiscal" dos preços

Ricupero sai para trocar dinheiro e conferir reajustes

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Rubens Ricupero (Fazenda) inaugurou ontem o estilo "fiscal do Itamar", algo parecido com os antigos "fiscais do Sarney" na época do Plano Cruzado, em 1986.
Ricupero desfilou por um shopping center de Brasília trocando cédulas, conferindo preços e fazendo ameaças contra quem praticou os "reajustes abusivos de preços".
Ricupero se encarregou de explicar a diferença entre os fiscais do Cruzado e os atuais. "Aquele plano tinha congelamento de preços, e agora não".
Mas em seguida deu o seu recado: "Não aceitaremos abusos, nem que continue essa cultura inflacionária. O brasileiro deve deixar de aceitar isso, ele está muito resignado".
Os primeiros ataques do dia foram endereçados ao prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, e ao governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, responsabilizados por aumentos indevidos em passagens de ônibus.
"No caso de um prefeito de uma grande capital brasileira, as passagens foram arredondadas de R$ 0,46 para R$ 0,50. Isso é um abuso, é cultura inflacionária", discursou.
Qualificou os reajustes de Brasília como "erro colossal" e ameaçou acionar judicialmente a Prefeitura de SP. Mas não disse qual será o mecanismo para impedir os aumentos de ônibus na capital paulista.
No shopping, Ricupero visitou agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. No BB, trocou CR$ 15.675 por R$ 5,70. Cumprimentou os bancários, um por um.
Entrou em uma lanchonete e pagou um cafezinho por R$ 0,45. Anunciou que o governo analisará, na terça-feira, a venda de seus estoques de café para reduzir o preço do produto.
Prometeu também solucionar o problema do preço do pão francês, arredondado de R$ 0,08 para R$ 0,10.
Ricupero ainda recebeu denúncia, de um jornalista, sobre um fogão Dako reajustado de R$ 99 para R$ 114. Disse que mandaria a Sunab fiscalizar a loja (Arapuã) ainda ontem.

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