São Paulo, domingo, 3 de julho de 1994
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Lembrança pode subjugar presente

PAULO COELHO
COLUNISTA DA FOLHA

Chego em Madri às 8h. Vou ficar apenas algumas horas, de modo que não adianta telefonar para amigos e marcar algum encontro. Resolvo caminhar sozinho por lugares que me são queridos e termino sentado num banco do parque Retiro.
"Você parece que não está aqui", diz um velho que se aproxima.
"Estou oito anos atrás, em 1986", respondo. "Sentado neste banco com um amigo pintor. Conversando sobre um assunto absurdo: onde tomar aulas de dança."
"Aproveite esta benção", diz o velho. "Mas saiba que um pouco de sal dá tempero à comida, muito sal estraga o alimento. É preciso muito cuidado com as lembranças –ou você acabará sem presente para recordar."

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