São Paulo, domingo, 3 de julho de 1994
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Esta mulher é do barulho; MIRIAM BIDERMAN

ANNETTE SCHWARTSMAN

Esta mulher é do barulho
MIRIAM BIDERMAN
O que "Short Cuts - Cenas da Vida", "A Cor do Dinheiro", "Ishtar", "Capitalismo Selvagem" e "Sábado" têm em comum? Miriam Biderman. Ela não é atriz internacional, mas fez a edição de ruídos de sala –ou "foleys"– desses filmes.
Todos os barulhos dos longas listados acima, dos passos dos personagens ao estilhaçar de louças, foram escolhidos (ou criados) e sincronizados por Miriam. Em seu trabalho, ela recorre a coleções (de até 4.000 sons) e cria ruídos em estúdio, com tanques de água, areia, pedra etc. Também usa uma peça fundamental: o "foley artist", profissional que "interpreta" os barulhos no ritmo das cenas.
Paulistana, Miriam começou em 1982, quando se mudou para Nova York. Estudou cinema, fez documentários para a Unicef, foi assistente de direção em dois filmes e acabou entrando para a equipe de som de "A Cor do Dinheiro", de Martin Scorsese.
Viveu uma experiência muito diversa da que viveria aqui. Nos Estados Unidos, uma equipe de som tem em média 20 pessoas; aqui, há até pouco tempo, a desprezada edição de som era feita pelo assistente de montagem. Um filme americano é gravado em 18 canais; os nacionais, em três. Lá, a edição de som é trabalho para três semanas; aqui é "matada" em três dias. "Por isso o som dos filmes nacionais é tão ruim", esbraveja Miriam, que voltou ao Brasil há alguns anos para tentar mudar esta cena.
Aos 32 anos, Miriam acumula dois prêmios –por "Festa", de Ugo Georgetti, e "Capitalismo Selvagem", de André Klotzel. É sócia de Roberto Ferraz na Virtual, onde faz publicidade "para não morrer de fome". Não gosta. "Divertido é fazer longas, pois os sons são dramaticamente importantes e até as portas têm personalidade."

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