São Paulo, terça-feira, 5 de julho de 1994
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Geada adia para 1995 a recuperação do trigo

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O efeito das geadas, principalmente no Paraná, e o atraso na divulgação da nova política do trigo devem impedir o aumento da colheita do cereal, contrariando a previsão inicial do governo.
A primeira estimativa da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), feita em abril, indicava aumento de 12% na produção deste ano: 2,3 milhões de toneladas do grão, contra os 2,05 milhões de toneladas do ano passado.
"Esta previsão foi elaborada com base na intenção de plantio", explica Paulo Magno, técnico da Conab. Segundo ele, a Conab trabalhava com uma área de plantio entre 1,29 milhão de hectares e 1,42 milhão de ha e produtividade média de 1.700 quilos por ha.
Mas a exemplo de 93, quando os problemas climáticos reduziram para 1.250 quilos/ha o rendimento médio do trigo, as geadas podem comprometer a produtividade das lavouras.
No Paraná, maior produtor de trigo do país, a geada alcançou mais de 30% das lavouras (estimadas em 730 mil ha) nas fases de espigamento e floração, estágio em que as perdas são maiores (veja texto na pág. 3).
"Esperamos uma recuperação do plantio a partir da safra do próximo ano, como consequência do programa de reorientação da triticultura nacional lançado pelo governo", diz José Roberto da Silva, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA).
O programa promove a qualificação das diversas variedades de trigo, através do pagamento de um ágio de 15% para o cereal de qualidade superior.
"É uma forma de incentivar que os moinhos comprem o trigo nacional e que os produtores invistam em sementes de melhor qualidade", diz Magno.
Lawrence Pih, presidente do Moinho Pacífico, diz que a elevação da alíquota de importação do trigo dos 10% atuais para entre 15% e 20% no período de 1º de setembro deste ano e 31 de janeiro de 95, deve permitir a desova da safra nacional.
"Mas como só foi anunciada em abril passado, a medida deve ter reflexo apenas em 95", diz.
Atualmente o Brasil importa cerca de 5 milhões de t por ano. Há cinco anos (ano fiscal 88/89), o país chegou perto da auto-suficiência com a produção de 5,85 milhões de toneladas e importação de 852 mil toneladas.
Logo em seguida, o governo privatizou a comercialização do grão e terminou os subsídios à produção. A tonelada do trigo, que chegou a US$ 240 no final da década de 70, é cotada hoje em US$ 140 ao produtor.
O governo abriu o mercado, acabaram as cotas de moagem de trigo e os moinhos passaram a importar o grão.
LEIA MAIS sobre trigo e as geada nas pág. 3 e 4

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