São Paulo, terça-feira, 5 de julho de 1994
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A volta de Jordan

FÁBIO SORMANI
"JORDAN VAI MESMO VOLTAR?"

Esta é a pergunta que mais tenho ouvido nos últimos dias, desde que o jornal "Chicago Sun Times" noticiou, quinta-feira da semana passada, que o maior jogador de basquete de todos os tempos pode voltar ao basquete, ou melhor, ao Chicago Bulls.
Segundo o diário, Jordan estaria decepcionado com o seu desempenho no beisebol –atua em uma equipe da terceira divisão– e por isso voltaria a fazer o que mais gosta: jogar basquete.
Não acredito, no entanto, que Jordan vai calçar os tênis novamente. Escrevi isso nesta coluna quando o ex-23 do Chicago anunciou sua aposentadoria. Não dá para brincar de parar e depois voltar.
Citei naquela época alguns casos de esportistas que pararam e depois tentaram retornar e nunca mais foram os mesmos. Lembro dos tenistas Bjorn Borg e John McEnroe, que ficaram longo tempo longe das quadras e quando retomaram o esporte, jamais foram os mesmos.
Citei o caso Maradona, que ficou suspenso um longo período por causa do consumo de cocaína e quando retornou, no Sevilla da Espanha, fracassou. Alguém pode contra-argumentar dizendo que Maradona estava arrebentando na Copa dos EUA. É verdade, diante das "poderosíssimas" Grécia e Nigéria Maradona jogou muito bem. Queria vê-lo diante de um Brasil, Alemanha, Itália, Espanha, países que têm tradição no futebol.
O caso mais recente é o de Nigel Mansell. Depois de 18 meses longe da Fórmula 1, guiando as carroças da Fórmula Indy, Mansell desafinou em sua primeira prova. O caso do piloto britânico, todavia, é particular, porque automobilismo, ninguém vai me convencer do contrário, não é esporte.
Onde entra o corpo? O preparo físico? Qualquer vovô ou gorducho bom de braço pode ser um campeão no automobilismo.
Voltando ao tema central, acho difícil que Jordan pense em voltar por causa disso. Se ele permanecer de fora, será sempre lembrado como o maior jogador de todos os tempos, o Pelé do basquete, incomparável. Se retornar, correrá sério risco de não ser mais o mesmo, de ser suplantado por um "rookie" qualquer, por um troglodita qualquer do New York Knicks –que ele sempre deixou para trás. Com isso, arranharia sua imagem imaculada.
Será que vale a pena?
O gosto pela bola, no entanto, pode falar mais alto.

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