São Paulo, sábado, 9 de julho de 1994 |
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A serviço da cidadania
LUCIANO MENDES DE ALMEIDA A missão da Igreja é de evangelizar, isto é, anunciar a boa nova de Jesus Cristo, levando a todos a certeza do amor de Deus que nos liberta do pecado e nos chama a participar, como filhos, da vida divina e a realizar a comunhão fraterna entre nós, conforme o mandamento do amor. Pertence à missão da Igreja cooperar para a promoção integral da pessoa e empenhar-se na construção de uma sociedade solidária, à luz dos valores do Evangelho.Quem de nós não percebe o lamentável empobrecimento do povo, agravado pelo aumento da mortalidade infantil? Infelizmente crescem injustiças sociais, a violência e a insegurança. A Igreja não pode deixar de cooperar na formação da consciência política, em união com outras forças vivas da sociedade, a fim de enfrentar esses desafios e encontrar saídas positivas e pacíficas para a crise nacional. Nesse sentido, a CNBB aprovou a proposta do Setor de Pastoral Social de animar o exercício da cidadania, suscitando uma ampla reflexão sobre a questão: "Qual é o Brasil que queremos?" Organizaram-se, durante dois anos, semanas regionais em 13 Estados. Houve, ainda, mais de uma centena de semanas sociais diocesanas. O fruto não se fez esperar. As principais sugestões foram reunidas em um texto preparatório com o título "Brasil: Alternativas e Protagonistas". O documento insiste na prioridade dos valores éticos, na urgência de orientar o desenvolvimento econômico para as exigências sociais, com especial promoção dos mais pobres e no clima de diálogo e participação, indispensáveis à cidadania. O próximo passo será o evento da 2ª Semana Social Brasileira, de 24 a 29 de julho de 1994, em Brasília, que permitirá aprofundar o conjunto de propostas e oferecer o resultado aos candidatos neste período eleitoral. O programa da Semana prevê para a tarde do dia 28 de julho um diálogo aberto com os presidenciáveis. Não se trata de um debate entre os candidatos, mas da oportunidade de expressarem suas idéias a respeito de pontos nevrálgicos para o bem do país. A TV Bandeirantes aceitou cooperar para uma difusão maior do evento, que incluirá quatro momentos, logo após uma breve síntese dos trabalhos apresentados aos convidados: 1) reflexão de cada candidato sobre as conclusões; 2) uma pergunta de esclarecimento a cada um; 3) uma questão especial selecionada pela comissão organizadora; 4) breve palavra final de cada participante. A esperança é de que este tempo de arguição permita não só conhecer melhor os candidatos, mas sirva para iluminar e encaminhar as grandes questões nacionais. A intenção é, também, de estimular um modo de encontro com os presidenciáveis, orientados para o exame e solução dos problemas e distante de questões pessoais que distraem e até prejudicam as campanhas partidárias. O período de preparação às eleições poderá ser precioso serviço à cidadania, sugerindo propostas viáveis que apressem condições dignas de vida para todos. O Brasil justo e solidário que queremos é responsabilidade de todos. No dia 29, a Semana terminará com convite solene para a grande oração pelo Brasil, em união com as comunidades de todo o país, pedindo a Deus que abençoe nossa pátria, concedendo-nos tempo de justiça, concórdia e paz, tendo à frente governantes honestos, competentes e zelosos do bem comum. D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna. Texto Anterior: O real e a seleção Próximo Texto: DURA REALIDADE; FÔLEGO; NOVE FORA Índice |
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