São Paulo, domingo, 17 de julho de 1994
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Albertini é a ponte dos gols de Baggio

UBIRATAN BRASIL
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES

A tática do técnico italiano Arrigo Sacchi não privilegia o atacante Roberto Baggio –adepto da fórmula de que os jogadores devem correr tanto como a bola, o treinador prejudicou assim seu centroavante, que prefere esperar pelos lançamentos.
O impasse foi resolvido por um jovem de 22 anos. O volante Demetrio Albertini despontou como o jogador ideal, porque corre tanto como pede o técnico e ainda serve de apoio ao atacante, fazendo-lhe os lançamentos necessários.
"Os centroavantes estavam ocupando um espaço que nos pertencia e com isso se prejudicavam. Agora já servimos de apoio e damos liberdade para que só pensem no ataque", disse Albertini à Folha, convocado pela primeira vez para o time principal pelo próprio Arrigo Sacchi, em 91.

Folha – Como você executa sua função em campo?
Demetrio Albertini – Basicamente eu sirvo de apoio ao ataque. É uma função que, a princípio, não aparece tanto, mas é de importância vital ao time. Creio que, graças à minha função, o time conseguiu se articular melhor no ataque.
Folha – Os críticos apontam sua melhor atuação no jogo contra a Bulgária. Você concorda?
Albertini – Acho que sim. Naquela partida, tive mais chance de aparecer. Isto porque o Dino Baggio descia mais para o ataque, enquanto Roberto Donadoni estava jogando improvisado na lateral esquerda. Com tantas mudanças no meio-campo, alguém tinha que manter a ponte com o ataque. Foi o que eu fiz.
Folha – Qual foi sua principal qualidade?
Albertini – Acho que ter mais paciência. Em outras partidas, eu pensava mais no ataque quando recebia a bola. Já nesse jogo, tive uma preocupação mais voltada ao sistema tático, ou seja, basicamente possibilitar que os atacantes não se preocupassem com o meio-campo. Foi a partir desse pensamento que consegui me conter e fazer o passe para o Baggio marcar nosso segundo gol contra a Bulgária.
Folha – Arrigo Sacchi acredita que o meio-campo italiano é superior ao brasileiro por ter mais habilidade quando ataca. Você concorda?
Albertini – Bem, não posso contrariar o técnico (risos). Mas, eu concordo. Na verdade, isso acontecia mais porque eu também me preocupava em tentar o ataque. Com a minha função mais limitada à defesa e à construção de jogadas, acho que acertamos um ponto que estava mostrando falhas.
Folha – A ascensão de Roberto Baggio no time deve-se muito especificamente à sua função. Caso ele não jogue com o Brasil, você acredita voltar ao esquema anterior?
Albertini – Não acredito. Mesmo porque não quero pensar que ele pode não jogar. Mas, caso isso aconteça, acho que vou manter a mesma função. O Brasil joga muito compactado, com vários jogadores próximos da bola, e isso exige que nosso meio-campo seja muito bem estruturado. Com ou sem o Baggio, nosso time não pode mudar a tática que vem sendo vitoriosa.

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