São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 1994 |
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Explosão atinge ponto fraco do Governo Menem
MARCO CHIARETTI
O presidente da Argentina, Carlos Menem, 64, parece ter sido atingido em um dos pontos mais frágeis de sua administração com a explosão de segunda-feira: a incapacidade de seu governo de impedir o terrorismo. A primeira reação de Menem foi puramente emocional. O presidente defende há anos a pena de morte. Aproveitou o atentado para bater novamente na tecla, pedindo sua inclusão na Constituição que está sendo reformada em Santa Fé. Ontem, o chefe do executivo argentino começou sua ofensiva para evitar críticas à inoperância oficial quanto aos atentados que há anos abalam o país. O atentado da rua Pasteur é só o último de uma série de dezenas de bombas, ameaças, tiros, profanações e espancamentos. Menem sugeriu há meses a criação de uma supersecretaria de segurança, que reuniria as funções de prevenção a atentados com a de serviços de inteligência militar. O atentado contra a Amia deu-lhe o motivo de que necessitava. O decreto que criou o novo órgão definiu como seu chefe um amigo pessoal de Menem, o brigadeiro da reserva Andrés Antonietti, famoso por ter expulsado a ex-mulher do presidente da residência de Olivos, em 1990. A saída dos chefes da polícia argentina era explicada ontem pela recusa em aceitar as mudanças. A oposição criticou fortemente a decisão presidencial. Carlos "Chacho" Álvarez disse que o novo órgão não teria efeito sobre terroristas internacionais, mas poderia servir para controlar distúrbios internos e forças da oposição. Ele venceu os peronistas em Buenos Aires nas eleições do dia 10 de abril e se impôs como uma liderança da oposição O ex-presidente Raúl Alfonsín, da União Cívica Radical, disse que um órgão como o criado por Menem só tinha antecedentes na URSS stalinista. Segundo a oposição, o governo parece querer esconder sua inoperância. (MC) Texto Anterior: Hizbollah nega envolvimento e Israel ataca Próximo Texto: Ataque a embaixada matou 29 Índice |
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