São Paulo, domingo, 24 de julho de 1994 |
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Prostitutas teens são maioria em Santos
MARCUS FERNANDES
Diferentemente do que foi publicado nesta reportagem, a informação de que, a cada 100 adolescentes prostitutas, 40 possuem o vírus da Aids não consta de estudo da Universidade Católica de Santos. A informação foi dada pela psicóloga Maria Aparecida Gimenez Alves, que por dois anos fez pesquisas em prostíbulos da cidade. A prefeitura santista estima o nível de contaminação em 25%. Prostitutas 'teens' são maioria em Santos Pesquisa mostra que 40% das meninas que se prostituem têm vírus da Aids e 60% usam drogas na cidade Seis mil das 10 mil prostitutas da região central e do porto de Santos são crianças ou adolescentes com idades entre 10 e 19 anos. A estimativa aparece em pesquisa sobre prostituição infantil realizada por amostragem pela psicóloga Maria Aparecida Gimenez. Ela passou dois anos visitando os prostíbulos da cidade (72 km a sudeste de São Paulo). As meninas prostitutas vêm principalmente de cidades do Paraná, Santa Catarina, Bahia e do interior de São Paulo. "Nos primeiros quatro meses, fizemos um levantamento e identificamos mais de 300 adolescentes prostitutas. Mais de 70% delas acreditavam que quando se ama, não se pega Aids", diz Gimenez. Segundo o último boletim sobre Aids em Santos, elaborado pela prefeitura, em 93 a transmissão de Aids por drogas injetáveis foi predominante na cidade. Essa forma de contágio representou 42,4% dos casos confirmados da doença. Mais de 60% das meninas prostitutas consomem regularmente algum tipo de droga, diz o estudo. Predomina o crack. Segundo Gimenez, "de cada R$ 5,00 que ganham na prostituição, em média R$ 2,00 são gastos com drogas". "Se tiver que escolher entre um prato de comida e o crack, eu escolho o crack", afirma Jessica (nome fictício), 18, que se prostitui desde os 12. A média de idade da primeira gravidez é 15 anos e os abortos ocorrem a partir da segunda gravidez, diz o trabalho. "Criança atrapalha. Sempre que precisei, fui à farmácia, tomei uma injeção e ela desceu", afirmou Lúcia, 17, que já fez três abortos. Lúcia era menina de rua no Paraná e pegou caronas em caminhões até chegar em Santos, onde se tornou prostituta aos 14 anos. A pesquisa informa ainda que a média de vida das adolescentes prostitutas é de 20 anos. Texto Anterior: AS ESTRATÉGIAS DO "MARIPOSA" PARA NÃO DAR BANDEIRA Próximo Texto: Ex-prostituta ajuda meninas Índice |
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