São Paulo, domingo, 24 de julho de 1994 |
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Tetraplégico volta ao trabalho
AURELIANO BIANCARELLI
Três anos atrás, ao chegar em casa comemorando o primeiro dia de férias, Pellegrini foi atingido por um tiro na nuca disparado por assaltantes. A bala acertou a quarta vértebra cervical e o deixou completamente paralisado. Não mexe pernas, nem braços, apenas movimenta o pescoço. É nesta condição que Pellegrini retorna ao trabalho depois de três anos. Sua sala, no sexto andar da rua Luiz Coelho, região da Paulista, está sendo preparada para recebê-lo. A mesa foi rebaixada, um telefone especial será preso a seu corpo e o terminal de computador está sendo adaptado pela IBM. Pellegrini vai acessá-lo através de uma placa de voz ou por uma haste que movimenta com a boca. Um virador de páginas, que pode ser acionado com sopro ou com o movimento de sobrancelhas, mudará as páginas dos documentos. Pellegrini desempenhará o mesmo trabalho de antes, só não participará dos testes na linha do metrô como fazia."Será o primeiro deficiente severo a ser reintegrado na empresa", diz Leila de Araujo Pardo, coordenadora de Recursos Humanos do Metrô. "Pellegrini é um caso raro de energia e força de vontade." O Metrô criou uma equipe multidisciplinar para recebê-lo e aguardará 90 dias antes de informar ao INSS que o funcionário retornou ao trabalho. Pellegrini é também o primeiro participante de um programa de "emprego apoiado", uma prática adotada por muitas empresas da Europa e EUA. Para movimentar-se, ele conta com uma cadeira motorizada importada que dirige com o queixo. Para chegar ao trabalho, no entanto, Pellegrini terá de contar com um motorista particular. Os ônibus que ligam Interlagos, onde mora, à Paulista, ainda não foram adaptados para deficientes. (AB) Texto Anterior: País tem mais de 5.000 atletas Próximo Texto: 'Postura diante do sexo está mudando' Índice |
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