São Paulo, domingo, 24 de julho de 1994
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Planejamento é base para ser competitivo

DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas que desejam implementar programas de qualidade total e se tornar mais competitivas precisam combater o imediatismo e planejar.
O ideal é que a empresa tenha uma visão de futuro. Sob essa ótica, fica mais fácil para a empresa viabilizar o planejamento, estimular as atividades de prevenção e ter maior eficiência.
A empresa se previne contra problemas, não tem retrabalho e seu produto sai direto da fábrica para o mercado.
A orientação é de José Roberto Ferro, 39, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) de São Paulo, dada na palestra intitulada "Cultura administrativa e produção enxuta".
A palestra foi proferida na última segunda-feira no auditório da Folha. O encontro integrou a série "A Busca da Qualidade Total", promovida pelo jornal.
Para se obter sucesso nas mudanças implementadas, é necessário uma cultura administrativa adequada para uma produção enxuta.
A produção enxuta é o novo paradigma da produção industrial no mundo, diz Ferro. "A maioria das empresas está querendo passar de produção em massa para enxuta."
A vantagem é baixar ainda mais o custo de produção e garantir grande volume e variedade de produtos, observa o professor.
"Na produção enxuta, as máquinas são flexíveis, há uma intensificação da racionalização e padronização e a produção é desverticalizada, com uso intenso de subcontratação", acrescenta.
Isso acontece porque a empresa se especializa no seu negócio e subcontrata outras áreas, explica.
Outras vantagens de uma produção enxuta, avalia o professor, são o uso da metade do esforço humano e do espaço físico.
Outros pontos a favor são a redução da metade do tempo para desenvolvimento de novos modelos e da metade do número de horas de engenharia para desenvolver um produto, além de se produzir um terço a menos de defeitos.
Natureza humana
Uma premissa básica para o sucesso de uma cultura administrativa mais adequada para a produção enxuta: confiança na natureza humana, afirma o professor.
"Acreditar nas pessoas favorece o relacionamento com a mão-de-obra e permite maior participação e delegação de poderes."
Segundo ele, a confiança na natureza humana favorece também uma melhor relação com os fornecedores e um interesse em melhorar sempre. "Confiança é fundamental", afirma.
Outra ferramenta que deve ser utilizada é o relacionamento humano –considerando pontos como individualismo e coletivismo.
"A empresa para ser bem sucedida precisa unir esses dois pontos. Isso facilita o trabalho em equipe, melhora a comunicação e estimula as iniciativas individuais."
Para ele, uma organização que valoriza demais o indivíduo tem dificuldade de estimular o trabalho em grupo. "O excesso de coletivo pode prejudicar a empresa."
Cultura administrativa
Quando uma empresa implementa um programa de qualidade total precisa considerar a cultura administrativa empresarial. A cultura precisa ser vista como facilitador das mudanças na organização.
"Deve-se ter em mente que a cultura não é elemento que impede mas que pode dificultar o processo de mudança organizacional", destaca o professor. Para mudar a cultura deve-se começar de cima, com uma ação planejada.
Mudar a cultura é substituir coisas que não funcionam mais e manter as coisas que são boas, receita. Deve-se entender que mudança é um processo de aprendizagem que leva tempo.

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