São Paulo, domingo, 24 de julho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Socialismo de mercado traz esperança

SÉRGIO MALBERGIER
DE LONDRES

Socialistas do mundo, uni-vos. Após a onda neoconservadora que varreu os EUA e Europa por 15 anos, com Ronald Reagan e Margaret Thatcher liderando os apologistas do mercado, os neo-socialistas aparecem como esperança para uma classe média assustada.
A "seleção natural" do mercado livre causou a perda de milhares de empregos, tornados desnecessários com o avanço das tecnologias de produção e administração. O desemprego e a falta de esperança de penetrar no mercado levou ao aumento da violência urbana. A saída? Para a "The Economist" pode ser o socialismo.
A revista afirma que os socialistas de hoje "estão melhores em parte porque não adotam mais o socialismo". É uma referência aos "socialistas de mercado", que aceitam os limites e perigos da ação do governo, mas querem dar mais assistência ao cidadão.
No Reino Unido, após 15 anos de governo conservador, o Partido Trabalhista parece pronto para assumir o poder. Pesquisas de opinião indicam que mais de 50% da população quer um governo trabalhista, contra menos de 20% de apoio aos conservadores.
Os trabalhistas estão cada vez menos socialistas. Tony Blair ganhou destaque e popularidade defendendo medidas duras contra a criminalidade e foi elogiado até pela Confederação das Indústrias Britânicas, a Fiesp local, bastião do conservadorismo. Mas se o "socialismo de mercado" está em alta, o socialismo revolucionário marxista-leninista está em baixa.
O pensador alemão Karl Marx viveu em Londres de 1849 até morrer, em 1883. Ao contrário de outro ilustre exilado em Londres, o pai da psicanálise, Sigmund Freud, Marx não tem um museu.
Há a sua tumba, no cemitério de Highgate, onde cerca de 50 pessoas se reúnem todo ano no aniversário de sua morte, e a Marx Memorial Library, fundada em 1933. "Era o ano em que Hitler queimava os livros marxistas na Alemanha", disse o administrador do local, David Esbester.
A biblioteca, com 100 mil itens (livros, panfletos, fotos), tornou-se ponto de encontro de velhos marxistas revolucionários.
"O socialismo está começando a renascer no Leste Europeu", disse à Folha o sindicalista aposentado Leon Ives, 66. "Eles sentiram a exploração do capitalismo e agora estão voltando ao socialismo", diz Ives, vestindo uma camiseta com foto de Marx e a frase: "Sou uma espécie em extinção".

Texto Anterior: Portillo é estrela dos 'tories'
Próximo Texto: Voto postal economizou US$ 1,5 milhão para partido
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.