São Paulo, quinta-feira, 28 de julho de 1994
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PIanista quer gravar em balão

CARLOS CALADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de seu visual literalmente leonino e de ser adepto do free jazz, o pianista Malcolm Persson Braff, 24, mostrou em Montreux que sua identidade com os "young lions" é apenas etária.
Seus solos exibem uma síntese possível entre o lirismo eclético de um Keith Jarrett e a violência libertária de um Cecyl Taylor. Uma música que funde fragmentos de folk, marchas, gospel, blues e, acredite, até MPB.
Filho de um pastor adventista gaúcho e uma mineira, Malcolm nasceu no Rio de Janeiro. Um ano e meio depois a família se radicou na Suíça, sendo que entre meados dos anos 70 e dos 80 viveu no Senegal, na África.
"Quando estive no Brasil, em 1990, reencontrei minhas raízes. Agora eu quero integrá-las às minhas outras informações", diz o brasileiro-suíço, que tem projetos musicais inusitados.
"Icare", seu CD recém-lançado na Suíça (selo Mata Virgem) foi gravado durante um concerto-maratona de 24 horas, ao ar livre, na cidade de Vevey, onde mora.
O próximo disco será mais radical ainda. Malcolm promete gravá-lo em um piano suspenso por um balão a 3.000 metros de altura. "Quero testar se o frio ou o medo da altura podem influenciar minha improvisação", justifica.
Por essas e outras, Malcolm foi expulso da Escola de Jazz de Lausanne. A convivência com a didática tradicional ficou impossível.
Os projetos do irreverente pianista também incluem o Brasil. Até o fim do ano, ele inicia contatos para gravar música indígena no Amazonas.
(CC)

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