São Paulo, sexta-feira, 29 de julho de 1994
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Já faltam marcas de café em supermercados

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

A queda-de-braço entre os supermercados e as torrefadoras de café continua. "Os supermercados não vão aceitar aumentos da indústria superiores a 5%", afirma Omar Assaf, vice-presidente da Apas (Associação Paulista de Supermercados).
David Nahum Neto, vice-presidente da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café) diz que as indústrias vão seguir o que foi acordado com o governo.
Isto é, os preços das marcas de café, cuja matéria-prima é comprada nos leilões do governo, devem acompanhar a variação das cotações desses leilões.
Por causa das geadas, o preço do produto disparou no mercado internacional e nos leilões oficiais. Em dois meses, acumula alta de 52% nos pregões.
Já o preço das marcas especiais, que não utilizam a matéria-prima dos estoques do governo, podem acompanhar a variação de preços do mercado.
"Ninguém vai comprar matéria-prima por R$ 200 (o preço da saca de café de 60 quilos no mercado) e vender o produto no varejo como se estivesse pagando R$ 135 (o preço do café no leilão do governo)", exemplifica Nahum, para justificar o aumento de preço do café especial.
O preço desse tipo de produto chega a ser entre 30% e 40% superior à cotação do café comum, que custa R$ 6 o quilo para o varejo.
Por conta dessa queda-de-braço há escassez de produto no varejo."Estão faltando algumas marcas", diz Assaf.
Os supermercados também não estão conseguindo comprar o volume que necessitam, segundo Wilson Tanaka, presidente do Sincovaga, sindicato que reúne os pequenos supermercados. "A disponibilidade de vendas da indústria está 30% abaixo do normal."
Luiz Girotto, diretor do supermercado Bon Marché, da Marginal Tietê, zona oeste, confirma a restrição no volume de compras por parte da indústria.
Segundo ele, as torrefadoras estariam entregando um volume que só dá conta do abastecimento diário da sua loja, de 2.500 quilos.
"Se quisermos comprar uma quantidade maior para fazer promoção, não há produto", afirma Girotto. Segundo Tanaka, a escassez maior seria da marca Pilão, que está entre os cafés especiais.
Júlio Borges, gerente de planejamento da Copersucar, que detém as marcas Pilão, Caboclo e União, diz que a produção está normal. O que houve, segundo ele, foi um "tropeço" na comercialização.
(MCh)

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